Mensalidade escolar pressiona alta de 0,78% do IPCA-15 em fevereiro; passagem aérea recua – Estadão
- Na Mídia
- 29/02/2024
- Tendências
Ainda assim, resultado foi o mais acentuado desde abril de 2022
RIO E SÃO PAULO – Os reajustes de mensalidades escolares no início do ano letivo pressionaram a prévia da inflação oficial no País em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) acelerou de uma alta de 0,31% em janeiro para 0,78% neste mês, maior taxa desde abril de 2022, divulgou nesta terça-feira, 27, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado, porém, ficou ligeiramente abaixo da previsão mediana de 0,82% esperada por analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast. A surpresa positiva chegou a animar os negócios na bolsa de valores e reduzir ligeiramente as apostas de juros no mercado futuro.
As projeções elevadas para o IPCA-15 eram justificáveis, por causa, principalmente, de fatores sazonais como gastos escolares e o carnaval, apontou a economista-chefe da corretora CM Capital, Carla Argenta. A despeito do resultado mais brando, Argenta não espera alterações nas projeções para a política monetária brasileira.
“Não muda o plano do Banco Central, só ratifica as estimativas de continuidade dos cortes, mas sem colocar limites para o fim do ciclo de queda da (taxa básica de juros) Selic”, afirmou a economista. “A toada e a dinâmica do ciclo estão bem definidos e estabelecidos”, completou Argenta.
A XP Investimentos corrobora que a prévia da inflação de fevereiro não altera os rumos de decisões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre a taxa básica de juros, a Selic.
“Acreditamos que ela reforça a postura cautelosa do Copom. Esperamos que a taxa Selic alcance 9,0% este ano”, previu Alexandre Maluf, economista da gestora XP Investimentos, em comentário. “Nossa projeção para o IPCA de 2024 – atualmente em 3,7% – possui viés de baixa”, acrescentou.
As famílias brasileiras gastaram 5,07% mais com Educação em fevereiro, o que correspondeu a quase 40% da prévia da inflação deste mês. Os maiores avanços ocorreram nas cobranças do ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%), pré-escola (8,14%) e creche (5,91%). Houve elevação também nos gastos com curso técnico (6,01%), ensino superior (3,74%) e pós-graduação (2,81%). Os reajustes nas mensalidades do ensino fundamental (impacto de 0,13 ponto porcentual) e de ensino superior (0,06 ponto porcentual) lideram o ranking de pressões individuais sobre o IPCA-15.
Os preços dos alimentos subiram menos em fevereiro do que no mês anterior, mas a alta ainda alcançou dois dígitos em itens como cenoura (36,21%) e batata-inglesa (22,58%). Os consumidores também desembolsaram mais pelo feijão-carioca (7,21%), arroz (5,85%) e frutas (2,24%). O custo da alimentação no domicílio subiu 1,16% em fevereiro, enquanto a alimentação fora de casa aumentou 0,48%.
A lista de maiores pressões sobre o orçamento doméstico neste mês incluiu também os reajustes no combo de telefonia, internet e TV por assinatura (3,29%), gasolina (0,84%), plano de saúde (0,77%) e serviço bancário (1,69%).
“Como amplamente esperado, os preços dos combustíveis contribuíram para a alta da inflação, dada a elevação dos impostos estaduais (ICMS) anunciada no final do ano passado”, lembrou Maluf, da XP.
Além da gasolina, houve altas de preços no gás veicular (3,83%) e etanol (0,32%).
Na direção oposta, a passagem aérea foi o item que mais ajudou a deter a inflação de fevereiro, com queda de 10,65% nas tarifas, contribuindo para reduzir em -0,10 ponto porcentual o IPCA-15 do mês.
Para a Tendências Consultoria Integrada, o IPCA fechado de fevereiro deve exibir resultado semelhante ao da prévia do mês.
“O indicador deve manter taxa de variação elevada, em virtude das pressões sazonais do grupo Educação. De um lado, os preços de alimentos devem arrefecer adicionalmente, captando, com defasagem, o movimento (de queda de preços) observado no atacado. Por outro lado, o grupo Transportes deve acelerar, refletindo, de forma plena, a elevação do ICMS sobre combustíveis”, estimou, em nota, Matheus Ferreira, analista da Tendências.
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