Com reajuste na mensalidade escolar, prévia da inflação acelera para 0,78% em fevereiro – O Globo

Com reajuste na mensalidade escolar, prévia da inflação acelera para 0,78% em fevereiro - O Globo

Alimentos, saúde e cuidados pessoais também tiveram destaque, diz IBGE

O IPCA-15, índice que funciona como uma prévia da inflação, voltou a acelerar, chegando a 0,78% em fevereiro. O resultado foi impulsionado pelo segmento de educação (5,07%) por conta dos reajustes nas mensalidades escolares, normalmente praticados no início do ano. Ainda assim, os dados divulgados pelo IBGE vieram pouco abaixo do que esperavam analistas (0,82%).

  • Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,49%;
  • O resultado foi 0,02 ponto percentual maior que fevereiro de 2023;
  • Educação avançou para 5,07%, maior resultado do mês.

Economistas avaliam que o dado de fevereiro não deve interromper ou diminuir o ritmo de queda na taxa de juros, mas alertam que o resultado do IPCA deve vir ainda maior. Eles dizem que o IPCA-15 ainda não absorveu completamente o aumento no preço da gasolina, do diesel e do GLP, conhecido como gás de cozinha, no início do mês.

As alíquotas do ICMS que incidem sobre os combustíveis subiram no dia 1º de fevereiro, passando a ser um valor fixo e válido para todos os estados. Antes, cada estado tinha sua própria alíquota de ICMS, que era um percentual sobre o preço final do combustível.

O litro da gasolina, que tem grande participação no cálculo da inflação, passou de R$ 1,22 para R$ 1,37 (aumento de R$ 0,15), enquanto o diesel subiu de R$ 0,94 para R$ 1,06 (mais R$ 0,12).

Resultado por grupo

Em janeiro, o indicador havia desacelerado para 0,31%, apesar do aumento no segmento de alimentação e bebidas. As elevadas temperaturas no início do ano, com a intensificação do fenômeno El Niño, explicavam os preços mais elevados nesse grupo.

Os alimentos continuaram em destaque neste mês, mas os preços cresceram menos (0,97% em fevereiro, ante 1,53% em janeiro). Saúde e cuidados pessoais também contribuíram significativamente para o resultado (0,76%).

A taxa deste mês veio em linha com a registrada em fevereiro do ano passado (0,76%), indicando sazonalidade.

No segmento de educação, a maior influência foi dos cursos regulares (6,13%), principalmente ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%), pré-escola (8,14%) e creche (5,91%). Curso técnico (6,01%), ensino superior (3,74%) e pós-graduação (2,81%) também registraram altas.

O aumento nos preços foi quase generalizado. Entre os nove grupos pesquisados, houve queda apenas no segmento de vestuário, em que os preços recuaram 0,39% depois de subirem 0,22% em janeiro.

Confira os resultados por grupo:

  • Educação: 5,07%;
  • Comunicação: 1,67%;
  • Alimentação e bebidas: 0,97%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,76%;
  • Despesas pessoais: 0,46%;
  • Artigos de residência: 0,45%;
  • Transportes: 0,15%;
  • Habitação: 0,14%;
  • Vestuário: -0,39%.

O que dizem especialistas

O economista Matheus Ferreira, da Tendências Consultoria, afirma que a queda mais acentuada do preço das passagens aéreas surpreendeu analistas de mercado. Além disso, ele diz que não havia consenso sobre a magnitude da aceleração da inflação dos alimentos, ainda em decorrência dos fenômenos climáticos extremos.

Ferreira espera que o IPCA venha maior que a prévia, por conta do aumento do preço dos combustíveis em decorrência do novo ICMS. A inflação da gasolina foi de apenas 0,84% no IPCA-15, valor bem abaixo dos 2,2% que Tendências estima para o mês.

— A mudança no ICMS foi parcialmente captada agora no IPCA-15. No índice fechado, esse avanço deve ser maior. O transporte não veio tão alto por conta da deflação nas passagens. Excluindo passagens, haveria aceleração — conclui.

O analista não vê espaço para mudanças no plano de voo do Banco Central, que deve manter os cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, encerrando o ano com a Selic a 9,5%.

Já o economista-chefe da Mirae Asset, Julio Hegedus, concorda, mas afirma que o cenário pode mudar a depender da inflação no médio prazo:

— Para as próximas duas ou três reuniões, (o corte de 0,5 ponto percentual) pode ser mantido, mas o Banco Central pode diminuir essa queda para 0,25 ponto percentual adiante, dependendo dos próximos dados.

Reprodução. Confira o original clicando aqui!

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