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IPCA-15 pressiona inflação para o fim do ano e deve manter BC em alerta – Band

Havia, por outro lado, expectativa de que o chamado “bônus de Itaipu” pudesse ser destinado para gerar alívio nas contas de energia ainda este ano – o que, consequentemente, também poderia puxar o IPCA do ano para baixo. Mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu que esse bônus será usado apenas em janeiro de 2025.

Assim, o cenário deve manter o Banco Central em alerta sobre o nível da inflação corrente, em um momento em que as expectativas futuras seguem desancoradas, mesmo com o ciclo de aperto monetário já em curso. O BC se reúne nos dias 10 e 11 de dezembro para decidir o novo nível da Selic, e o IPCA-15 de hoje será o dado mais recente de inflação ao consumidor para análise dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom).

Após o IPCA-15, o Barclays elevou, de 4,6% para 4,8%, sua estimativa para o IPCA de 2024. Em relatório, o economista-chefe para Brasil do banco, Roberto Secemski, cita que há expectativa de que os preços dos alimentos sigam pressionados, em linha com o que vem sendo observado nos índices de preço no atacado. Além disso, complementa, o IPCA-15 registrou surpresas para cima, com passagens aéreas, seguro de automóvel e pacotes de viagem – variações que devem se repetir no IPCA fechado do mês e, consequentemente, corroboram a revisão altista na inflação do ano.

Secemski chama atenção ainda para o nível anualizado da inflação de serviços, que passou de 4,37% para 4,45% nesta leitura. “Esse grupo continua exigindo atenção, conforme frequentemente destacado pelo BC em suas comunicações”, afirma.

Na Tendências Consultoria, o economista Matheus Ferreira adicionou viés de alta à projeção de 4,7% para o IPCA de 2024. Ele calcula que, na margem, houve alívio nos serviços subjacentes (0,59% para 0,45%), mas que, no acumulado em 12 meses, o nível segue alto. “Mesmo com essa desaceleração, ainda estamos em níveis incompatíveis com a meta na inflação. Mantém o desafio para o BC”, disse ao Broadcast.

Para o Itaú Unibanco, a leitura de hoje mostrou que a inflação, inclusive as métricas qualitativas, seguem piorando na margem. Em relatório, a economista do banco Luciana Rabelo reconhece que as principais surpresas do IPCA-15 partiram de itens voláteis, como passagem aérea e pacote turístico. Ela reforça, porém, que os serviços subjacentes aceleraram mais uma vez (5,1% para 5,7%), pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada.

Já o economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, considera que a leitura de hoje deve, inclusive, aumentar as chances de uma aceleração no ritmo de aperto monetário do BC, com uma alta de 0,75 ponto porcentual no juro em dezembro. Ele calcula que, no caso dos serviços subjacentes, houve aceleração de 4,8% para 5,25% entre outubro e novembro, também pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada. “Isso obviamente torna o trabalho do Banco Central mais complicado”, avaliou. A XP projeta IPCA de 4,9% em 2024 e mantém, por ora, cenário-base com alta de 0,50 ponto no juro básico mês que vem.

Bônus de Itaipu

A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou na manhã de hoje a destinação do chamado “bônus” da usina de Itaipu Binacional, que acumula R$ 1,3 bilhão, para amenizar as contas de luz em janeiro de 2025.

Havia expectativa no mercado de utilização desse bônus já em dezembro, o que poderia moderar a inflação do último mês do ano e, consequentemente, de 2024.

Nesse cenário, a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, calcula que o IPCA de dezembro seria de queda de 0,01%, levando a inflação a encerrar o ano em 4,25%. Com a confirmação do bônus de Itaipu apenas para janeiro, a projeção da Warren para o IPCA de dezembro passou a ser de alta de 0,61% e de 4,9% para o ano.

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