Economia para você: entrevista com Alessandra Ribeiro – TV BandNews

Economia para você: entrevista com Alessandra Ribeiro - TV BandNews

Essa semana, de novo, ocorreu uma nova rodada de aumento nas previsões de PIB, logo após ser divulgado o PIB do segundo semestre, acima do previsto. Na média, a previsão, que, em 04/09, era de 2,56%, foi para 2,64%, em 11/09.

Crescimento do PIB

“Nós projetamos 2,6%, mas começamos o ano com crescimento um pouco acima de 1%, ou seja, uma diferença muito expressiva. E eu elenco algumas surpresas. Eu acho que a mais expressiva foi o comportamento do PIB agropecuário. Realmente, a safra, olhando soja, milho e algodão surpreendeu de maneira super positiva.”, diz Alessandra.

Ela ainda acrescenta: “E a gente está em um nível de produção agropecuária, com esse crescimento que a gente estima na casa de 16% esse ano, extremamente elevado. Então, realmente, é uma boa notícia. (…) Não é o maior peso (no PIB), mas, ainda assim, a gente fala de cerca de 8,5% no PIB total. Com o crescimento de 16%, é algo que tem uma contribuição muito relevante.

Alessandra aponta como segunda surpresa a parte extrativa, de minério de ferro e de petróleo, que também veio com um comportamento um pouco melhor nos últimos tempos. E, por último, Alessandra cita a resiliência do consumo, tanto na parte de serviços quanto na parte de bens.

“Temos um cenário de gastos mais expressivos nesse ano, através de programas sociais. Temos, também, o aumento do salário mínimo em termos reais, que, inclusive, bate na previdência, então a renda da previdência também melhora. (…) A gente teve uma redução de inflação também muito importante, que dão uma sustentação ao consumo na parte de bens e serviços.”, diz Alessandra.

Movimento de sustentação de melhora econômica

No primeiro trimestre, houve um impulso muito grande do agro, que ajudou um pouco a indústria e os serviços ligados ao agronegócio. Já no segundo semestre, houve a surpresa pelo estímulo à renda. No terceiro trimestre, provavelmente o Desenrola, com 10 milhões de brasileiros conseguindo limpar o nome, pode dar algum alívio para sustentar um pouco o consumo das famílias.

A sensação que temos é que existem coisas acontecendo que não necessariamente irão se repetir. Quando questionada sobre ser possível perceber um movimento sustentado de melhora econômica, Alessandra acha que esses são elementos que explicam essas surpresas e que vão dar algum fôlego adicional, como o Desenrola, que é esperado mesmo que tenha efeito em inadimplência, consequentemente, abrindo espaço para para retomar o crédito pro consumo.

Entretanto, ela aponta que, quando a gente olha esse movimento mais subjacente da economia, vemos um cenário de mais desaceleração nos próximos trimestres, porque o efeito do agro será cada vez menor, justamente pelo ápice da safra ter sido no primeiro trimestre.

Alessandra diz que “esses efeitos vão se diluindo. Entra o Desenrola, mas a gente tem aqueles movimentos um pouco mais de base que vão ainda afetar a atividade econômica. Então, por exemplo, uma questão é a própria desaceleração global. A gente espera um mundo perdendo mais dinamismo e, realmente, mais fraco no final do ano. E isso nos afeta pelo canal do comércio. Temos, também, os efeitos defasados do mercado de trabalho. A gente vê o mercado de trabalho resiliente, mas perdendo tração e isso chega de maneira defasada.”.

“Mesmo com o Desenrola, as condições de crédito ainda estão apertadas. A gente vai ter alívio, mas ainda tem um tempo para bater a redução de juros, então a gente ainda tem efeitos a colher da própria política monetária mais apertada. Por isso que a gente vê daqui pra frente uma economia que vá gradualmente perdendo tração (…) Para o ano que vem, a gente estima o crescimento na casa de 1,5%.”, completa Alessandra. “Para 2025, a gente espera já um cenário melhor, com a economia voltando a crescer mais na casa de um pouco acima de 2%.”.

Inflação de serviços

O Banco Central falou muito sobre a inflação de serviços estar resistindo, mesmo diante da queda de preços de alimentos e produtos industriais. Quando questionada sobre ter ou não engrenado o processo de redução da inflação de serviços, Alessandra diz:

“Esse último IPCA veio com um comportamento melhor que o esperado na parte de serviços, né. E a nossa estimativa é que continue desacelerando. A gente não tem nenhum ritmo muito expressivo de aceleração. Tanto é que, para o ano que vem, vemos uma inflação de serviços na casa de 5%. É contínuo, mas é gradual, inclusive porque vai captando esse efeito defasado do mercado de trabalho, com essa perda de ritmo, de geração de postos de trabalho, isso batendo em massa de renda… Então é essa a estimativa. Agora, a inflação cheia pro ano que vem ainda a gente vê na casa de 3,8%. Esse ano está na casa de 5%, então é uma desaceleração em relação a esse ano, mas ainda acima da meta.”.

Queda de juros

Vemos que entramos em um processo de quedas de juros, com o próprio Banco Central já avisando. E, com o IPCA abaixo do previsto, já existiam previsões apontando um espaço maior para queda de juros.

“Nós avaliamos que ainda é menos provável uma aceleração desse ritmo de queda para 75 pontos. A nossa expectativa é que ele continue cortando em 50 pontos e terminando o ano com a Selic em 11,75%. E por que isso? Porque as nossas projeções de inflação ainda estão mais próximas de 4% do que de 3% pro ano que vem, que é a meta. E, mesmo olhando o horizonte mais longo, ainda estão presas na casa de 3,5%. Então, apesar das boas notícias neste último IPCA, a gente vê essas projeções de inflação para o ano que vem ainda elevadas. Isso deve limitar esse espaço para uma aceleração, então a gente ainda segue com o ritmo de 50 pontos.”, diz Alessandra.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!

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