Mercado de trabalho segue forte mesmo com aumento do desemprego – Jornal da Globo
- Na Mídia
- 02/05/2024
- Tendências
Em entrevista ao Jornal da Globo, Lucas Assis, consultor da Tendências, discute o mercado de trabalho resiliente, apesar do aumento do desemprego e estabilidade no emprego formal sugere melhora na renda.
Segundo o Ministério do Trabalho, foram 244 mil novas vagas formais. O mercado esperava menos de 200 mil. Foi o melhor resultado para março desde 2020, quando mudou a metodologia desse cálculo.
Na comparação com março do ano passado, o aumento foi de mais de 25%. Também tivemos a divulgação do resultado da taxa de desemprego para o primeiro trimestre do ano. Os dados são da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) contínua, do IBGE.
A taxa ficou em 7,9%. E foi um resultado também um pouco melhor do que o esperado. O mercado estava achando que o desemprego iria bater em 8%. Em relação ao último trimestre do ano passado, houve, sim, um aumento.
Esse aumento do desemprego acontece diante da dispensa de trabalhadores temporários e do avanço na busca do trabalho. Mais gente procurando vaga, um movimento comum no início do ano. Por outro lado, as vagas formais foram mantidas, o que aponta para um mercado mais qualificado e com renda melhor.
Segundo o IBGE, quase ¾ dos brasileiros que perderam os empregos no primeiro trimestre deste ano não tinham carteira assinada. Por outro lado, o número de contratados formalmente ficou estável entre janeiro e março de 2024, em quase 38 milhões de trabalhadores, um aumento de 3,5% na comparação com o ano passado. Esse movimento sugere uma melhora da qualidade do mercado de trabalho brasileiro, de acordo com o IBGE.
De acordo com Lucas Assis, economista da Tendências, esse movimento pode indicar um possível avanço da inflação, principalmente do setor de serviços. “Isso pode ocorrer por duas vidas. A primeira delas é pelo próprio aumento do consumo das famílias, a partir do momento que elas contam com uma maior geração de renda. Por outro, por meio da pressão de custos de produção. Então, à medida que há um aumento do custo da mão de obra, os empregadores repassam esse custo para o consumidor final, elevando, também, essa inflação de serviços do país.”
Assis ainda diz que esses resultados do emprego e os impactos da resiliência do mercado de trabalho podem pressionar o comitê de política monetária. O Copom vai se reunir na semana que vem para decidir o tamanho do corte da taxa básica de juros.
“O Banco Central já tem acompanhado, de certa forma, esse desempenho favorável do mercado de trabalho, mas, de fato, é um ponto que fica no radar a partir do momento em que PNAD contínua e o CAGED (…) apresentaram resultados acima do esperado pelo mercado. Então, uma taxa de desocupação que se mostrou relativamente menor que o esperado e uma geração de postos com carteira assinada acima, também, do previsto. É possível dizer que o mercado de trabalho já vinha apresentando uma resiliência e um desempenho favorável nesse começo de ano. Mas, de fato, os últimos resultados reforçam essa preocupação em todo dos efeitos sobre a dinâmica da inflação de serviços.” finaliza Assis.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!