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Analistas veem economia mais fraca e chance de recessão no 2º semestre – O Estado de S. Paulo

Com dados recentes de varejo, serviços, empregos e indústria, instituições avaliam que PIB deve sofrer impacto de juros altos e da ausência de incentivo fiscal do governo

Indicadores mais fracos divulgados desde a última semana de 2024 sinalizam que a atividade econômica perde força no País e instituições financeiras já começam a trabalhar com a possibilidade de recessão técnica – quando há contração em dois trimestres consecutivos.

Embora ainda não seja consenso entre os analistas do mercado, pelo menos seis instituições já projetam cenários de contração: Bradesco, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura, Tendências e BV.

Amparam as perspectivas dos economistas dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de quatro indicadores: varejo, volume de serviços, emprego e produção industrial.

O varejo recuou 0,4% em novembro ante outubro, o volume de serviços teve queda de 0,9% também em novembro e o emprego, que registrou o menor saldo para o período da série histórica, iniciada em 2020, no penúltimo mês do ano passado, com a criação de 106,6 mil vagas. Já a produção industrial recuou 0,8% em outubro, e repetiu o desempenho em novembro.

A perspectiva de que o ano termine com uma taxa básica de juros de 15% para tentar conter a inflação, que deve ficar em 5,08%, acima do teto da meta segundo o último boletim Focus, divulgado segunda-feira pelo Banco Central (BC), também é um dos fatores levados em conta na avaliação das instituições financeiras.

Conforme os analistas, a tendência de retração da atividade já será sentida do PIB do último trimestre de 2024, mas deve ser interrompida pelo impulso da safra recorde de grãos neste primeiro trimestre.

A partir daí, dizem os economistas, os efeitos do agro vão se dissipar e a economia ficará mais exposta aos juros altos e sem os impulsos fiscais que sustentaram, em boa parte, o crescimento dos últimos dois anos. Com isso, passa a existir a chance de recessão da economia – caracterizada pela queda do PIB dois trimestres seguidos,

Para Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências, o PIB deve cair 0,6% no terceiro trimestre e 0,2% nos últimos três meses do ano.

O BV também espera recessão técnica no segundo semestre, com queda de 0,5% no terceiro trimestre e de 1% nos três meses seguintes.

No Bradesco, cujo cenário foi atualizado no mês passado, são previstas duas quedas trimestrais de 0,3% na segunda metade de 2025.
Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, o PIB começa a cair antes, no segundo trimestre, com 0,5%. “Essa queda da atividade é a transmissão da política monetária (contracionista) para, principalmente, os setores mais ligados ao crédito”, diz Costa.