Tendências Consultoria Econômica

  • +55 11 3052-3311
  • +55 11 91445-5450
  • faleconosco@tendencias.com.br
  • Português
  • English
Edit Template

Selic deve entrar em 2025 acima de 11% e ficar lá por bom tempo, dizem economistas – Folha de São Paulo

Analistas dizem que questão fiscal ainda é principal preocupação, e governo precisa dar mais ênfase a cortes de gastos

SÃO PAULO | O novo ciclo de alta de juros iniciado nesta quarta-feira (18) deve jogar a Selic para acima de 11% em 2025 e deixar a taxa básica de juros nesse patamar por alguns meses, segundo economistas consultados pela Folha.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou os juros em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano, na primeira alta feita durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A decisão veio em linha com o esperado por agentes de mercado e trouxe mensagem aberta do Banco Central com relação a ações futuras. O comunicado foi encarado como duro por analistas.

“O Banco Central deixou claro que a magnitude total do ciclo de alta vai depender da evolução de indicadores e expectativas”, diz Silvio Campos, economista-sênior da consultoria Tendências. “Vai precisar de mais Selic para fazer a inflação chegar à meta de 3%”, diz o economista.

A Tendências projeta que a Selic chegue a 11,75% no fim desse ano e a 12% até janeiro do ano que vem, voltando a 10,5% ao final de 2025.

Mais cedo nesta quarta, o Fed, banco central dos EUA, cortou as taxas de juros nos Estados Unidos em 0,50 ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5,0%. A primeira redução nas taxas desde 2020 iniciou o que se espera ser um ciclo de alívio constante da política monetária.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) afirmou que esperava que o movimento do banco americano tivesse acontecido em junho, mas que, mesmo “atrasada”, a autoridade deve entrar em trajetória de cortes duradoura.

“Não acredito que em 2025 ou 2026 nós tenhamos surpresas, o que é ótimo para o Brasil e o mundo. Isso dá um alívio doméstico grande e nos coloca uma responsabilidade de continuar fazendo um trabalho de arrumação de casa para acolher os frutos desses ventos favoráveis”, disse.

O Bank of America classificou a decisão do banco central americano como “hawkish” (dura), afirmando que a medida serviria mais como um ajuste da política monetária, do que o início de um ciclo agressivo de cortes. A casa acredita que, pressionado, o Fed poderá fazer cortes de mais 0,75 ponto percentual no quarto trimestre e 1,25 ponto percentual em 2025.

Para Thaís Zara, economista sênior na LCA Consultores, o aumento da diferença entre os juros dos EUA e Brasil pode trazer um aumento de capital para o cenário doméstico.

“Causaria um câmbio mais apreciado [valorização do real], o que ajudaria a inflação a voltar mais para próxima da meta, mas não muda o fato de o BC mostrar preocupação com atividade econômica”.

Isso não deve reverter o ciclo de altas por parte do BC. Para a economista, a questão fiscal ainda pesa no cenário brasileiro, e a autarquia precisaria de confiança em superávits primários constantes para mudar a postura.

“É possível que entreguemos resultado primário dentro da meta neste ano, mas no limite inferior, com exceções e contando com várias receitas extraordinárias. Fica incerteza para próximos anos”, diz.

A LCA projeta um ciclo total de 1,50 ponto percentual de aumento na taxa básica de juros. Em um cenário com quatro aumentos, contando com o desta quarta-feira, o BC deve subir a Selic em 0,5 ponto nas próximas duas reuniões e 0,25 ponto na derradeira, chegando a 12% ao ano antes de abril do ano que vem.

“O Banco Central está atado ao cenário fiscal, que teria que dar sinal positivo para vermos o juro baixando. Assim como vimos em 2016 e 2017, após regra do teto de gastos, quando a Selic chegou a 6,5%”, diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

Reprodução. Confira o original clicando aqui!