Tendências Consultoria Econômica

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Saiba o que rolou na nossa live sobre o agronegócio e as perspectivas para a produção nacional e regional

O desempenho robusto da agropecuária foi um importante driver do crescimento da economia brasileira no ano passado. Para 2024, os indicadores do setor apontam desaceleração, considerando a expectativa de redução da produção de culturas importantes na safra 2023/24, menor crescimento da produção de carne bovina e desaceleração da demanda global. Para os preços dessas commodities, a dinâmica de oferta de grandes players mundiais é um fator importante para o ano.

Em abril, a Tendências Consultoria realizou uma live exclusiva para clientes sobre esse assunto, contando com a presença de Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial, e Gabriela Faria, economista responsável pelo acompanhamento do setor agropecuário na Tendências.

Cenário do agronegócio: 2023 versus 2024

Em 2023, aconteceram recordes nas produções de soja, milho e cana de açúcar, além de bons resultados da pecuária no Brasil. Também houve quebra da safra de grãos na Argentina e nos EUA, o que beneficiou o nosso país. Os norte-americanos também tiveram uma menor produção de carne bovina, assim como os australianos. Vale mencionar ainda que a gripe aviária ressurgiu em vários países do globo.

Já em 2024, estamos vendo uma queda na produção de grãos no Brasil, muito por conta do El Niño nos primeiros meses do ano. Em contrapartida, está ocorrendo recuperação da produção na Argentina e nos EUA, além do enfraquecimento da demanda por ração pela indústria de suínos chinesa.

Quando falamos do PIB Agropecuário, em 2023 houve um aumento surpreendente de 15,1%. Já para 2024, a Tendências prevê uma queda de 1,1% para o ano.

Participação da agropecuária no PIB Total

Desde 2020, o crescimento da participação do PIB Agropecuário no PIB Total brasileiro vem refletindo os níveis recordes de produção, com destaque para grãos e pecuária.

Entre 2020 e 2023, a produção de soja, por exemplo, registrou crescimento médio de 6,6% ao ano ante o nível de 2019. Já o milho cresceu 7,2% ao ano. Enquanto isso, o abate de suínos cresceu 6,5% ao ano, e o de frangos, 3,4% ao ano.

O cenário reflete a combinação do aumento da produtividade brasileira com o avanço da demanda internacional.

PIB Agropecuário regional em 2024

No Nordeste e Centro-Oeste, vimos reduções relevantes de produtividade da safra de grãos diante do clima mais quente e seco decorrente do fenômeno El Niño no começo do ano. Já no Sudeste, as condições climáticas adversas devem afetar a produção de cana de açúcar na safra 2024/25, item de peso relevante na região. No Norte, a previsão é de um forte avanço da pecuária, enquanto no Sul, há previsão de aumento da produção de soja no Rio Grande do Sul.

Ainda falando sobre o fenômeno El Niño, ele começou a se formar em meados de 2023 e se intensificou no fim do ano passado, impactando principalmente a produção de grãos. É importante ressaltar que, com o fim desse fenômeno, outro surge no horizonte: o La Niña, que deve se iniciar ainda no primeiro semestre de 2024. Historicamente, o La Niña aumenta as chances de chuvas acima da média nas regiões Nordeste e Norte do país, além de propiciar chuvas escassas na região Sul.

Também é importante falar de um desafio para as regiões, que é a armazenagem dos grãos. Segundo a Conab, há 11.441 unidades armazenadoras no Brasil – considerando unidades privadas, públicas e cooperativas. O estado do Rio Grande do Sul possui o maior número de estabelecimentos de armazenagem (3.235).

Já a capacidade atual de armazenamento é de cerca de 198 milhões de toneladas, sendo o Mato Grosso o estado com maior capacidade – cerca de 48,2 milhões de toneladas.

Nos últimos anos, a produção total de grãos registrou um ritmo de crescimento maior do que a capacidade de armazenagem (cerca de 6% ao ano, contra 2,8% ao ano, considerando dados disponibilizados pela Conab).

Em 2010, a relação entre a capacidade estática e a produção de grãos era de 94,1%, já em 2024 esse número foi de 63,3%.

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