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Previsão da Selic em 2024 salta para 11,25% ao ano, após PIB forte e deterioração das contas públicas – O Globo

Projeção anterior de analistas de mercado, divulgada pelo Focus, era de 10,5%. Projeções para PIB e inflação deste ano também foram revisadas para cima

A previsão para a Selic, a taxa básica de juros, para 2024 saltou de 10,5% ao ano para 11,25% ao ano, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. O relatório reúne projeções de analistas de mercado e é divulgado todas as semanas pelo Banco Central.

A revisão ocorre após a divulgação de um Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) forte, bem acima do esperado, na semana passada. A economia avançou 1,4% no segundo trimestre, ante expectativa de expansão de 0,9%.

A leitura é que a economia aquecida, com avanço no consumo das famílias e nos investimentos, pressiona a inflação, que vem subindo nos últimos meses. A deterioração das contas públicas também preocupa analistas e influencia a previsão de juros para o ano

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Para 2025, a previsão da Selic também subiu, de 10% ao ano para 10,25% anuais. Já para 2026, a taxa foi mantida em 9,5%.

No início do ano, a projeção para os juros em 2024 era de apenas um dígito: 9%. O país vinha numa trajetória de queda da taxa e inflação sob controle. A maré virou em abril, quando o mercado passou a prever que a Selic fecharia o ano em 9,25%. No mês seguinte, a previsão foi para o patamar de dois dígitos.

A revisão dos juros veio acompanhada pela revisão do PIB e da inflação. A projeção para o crescimento da economia subiu tanto para este ano como para o próximo. Para 2024, o dado foi revisado de 2,46% para 2,68%. Para 2025, a variação esperada para o PIB avançou de 1,85% para 1,9%.

O mercado de trabalho aquecido e o ganho de renda tem permitido um apetite maior dos consumidores, impulsionando o setor de serviços e a indústria, que cresceram com força no segundo trimestre.

Com relação à inflação, o Focus reviu a projeção de 4,26% para 4,30% ao fim de 2024. Para o ano que vem, o índice foi mantido em 3,92%.

A previsão do dólar também aumentou, de R$ 5,33 para R$ 5,35, neste ano. Para 2025, a previsão de câmbio foi mantida em R$ 5,30.

Para Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, o salto na projeção é a confirmação de um movimento que já vem sendo esperado pelos mercados ao longo das últimas semanas. Ele destaca que as taxas do mês de agosto já vem incorporando a expectativa de elevação da Selic nos próximos meses.

— Ao longo do mês, foram várias declarações de dirigentes do Banco Central, com destaque para o futuro presidente Gabriel Galípolo, colocando uma maior projeção pela frente, e isso vai sendo incorporado nas análises dos dirigentes de mercado. E tivemos na última semana essa divulgação do PIB muito forte no segundo trimestre, que certamente ajudou a tomar esse cenário de elevação dos juros mais claro aos olhos dos analistas. — citou o economista.

Já sobre a questão das contas públicas, Neto explica que, por um lado, o aumento de gastos e o déficit elevado estimulam a atividade econômica e são fatores por trás das surpresas positivas com o PIB e com a queda dos empregos, por exemplo, mas que o déficit elevado aumenta a percepção de riscos inflacionários.

— O fiscal expansionista tem ajudado a dinamizar a demanda interna, contribuindo no crescimento econômico de curto prazo. Mas a situação fiscal, com todas essas preocupações com a dinâmica dos gastos e da dívida, também eleva a percepção dos agentes de mercado de riscos no quadro inflacionário, e é um fator que também mantém a taxa de câmbio mais depreciada, por exemplo. Então, enquanto o governo não conseguir dar uma resposta mais firme e estrutural à questão fiscal, esse continuará sendo também um fator de preocupação, e um fator a manter as taxas de juros no Brasil mais altas — explica ele.

O economista também fala da preocupação com as secas que, para ele, pode ter eventuais impactos inflacionários.

— O Banco Central certamente está atento a esse quadro hídrico, que tem se mostrado bem mais preocupante do que se imaginava. Esse quadro de estiagem e diminuição de reservatórios tem um efeito direto através das bandeiras tarifárias e é um fator de risco, e tem, claro, a questão dos preços dos alimentos que podem subir. Então, a depender da intensidade dessa estiagem, dessa seca, podemos, sim, ter repercussões negativas ao longo dos próximos meses.

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