PIB cresce 0,9% no segundo trimestre – Estadão
- Na Mídia
- 01/09/2023
- Tendências
Nos primeiros três meses do ano, economia brasileira havia crescido 1,8%
Puxada pela indústria e pelo setor setor de serviços, a economia brasileira voltou a mostrar sinal de força e continuou a crescer no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,9% na comparação com os primeiros três meses deste ano. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 1º.
O desempenho do PIB ficou dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,1% a alta de 1,1%, mas o resultado veio bem acima da mediana (0,3%).
Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 3,4%.
Nos primeiros três meses do ano, o IBGE revisou o avanço da economia brasileira de 1,9% para 1,8% – o desempenho foi influenciado pela expressiva alta de 21% da agropecuária. Apesar do menor crescimento registrado no segundo trimestre, a cara da atividade foi bastante positiva, de acordo com economistas.
“Ficou melhor do que era o esperado há alguns meses atrás, o que mostra que existe uma resiliência (da atividade econômica)”, afirma Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências.
Com o resultado do segundo trimestre, o PIB brasileiro marcou a sua oitava expansão seguida, de acordo com o IBGE.
Sinais de resiliência
Ao longo dos últimos meses, com a divulgação dos indicadores do segundo trimestre, os dados divulgados de comércio, serviços, indústria e mercado de trabalho foram deixando claro os sinais de resiliência da economia. Parte das projeções que apontava para uma queda do PIB na comparação com o primeiro trimestre passou, então, a ser revisada para uma expansão.
Essa resiliência pode ser explicada tanto por fatores internos como externos. Internamente, o aumento da transferência de renda pelo governo por meio do Bolsa Família, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a antecipação do 13º salário para os aposentados ajudaram a compensar o aperto monetário em vigor no País – atualmente a taxa básica de juros está em 13,25% ao ano. Na cena internacional, a atividade global mostrou sinais de força, sobretudo nos Estados Unidos, contribuindo para as exportações do País.
“No segundo trimestre, os principais indicadores de atividade vieram bem. A pesquisa mensal de serviços, a produção industrial e o dado de venda no varejo melhoraram”, diz Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.
Na análise detalhada, pelo lado da oferta, a economia brasileira seguiu mostrando resultados positivos no setor de serviços (0,6%) e colheu boas surpresas com o desempenho do PIB industrial (0,9%), em especial na extrativa e construção.
Com uma safra concentrada no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 0,9%, mas essa queda registrada veio mais branda do que as projeções apontavam. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a alta foi de 17%.
“Mesmo o PIB sendo mais fraco no segundo trimestre, na minha visão, a composição dele foi até melhor (do que no primeiro). Há uma resiliência muito grande do setor de serviços no Brasil e isso acontece lá fora também”, afirma Silva Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
No lado da demanda, o bom desempenho do mercado de trabalho ajudou a sustentar o ritmo de consumo das famílias (0,9%). As exportações (2,9%) também contribuíram, diante do cenário externo mais positivo. Os investimentos subiram 0,1%, revertendo a queda de 3,4% do primeiro trimestre.
“Se me perguntasse há alguns meses, eu achava que o consumo das famílias iria contrair, mas não foi isso o que ocorreu. O governo, ajudando por meio de algumas políticas, a desinflação, o mercado de trabalho e a massa salarial crescendo mantêm o consumo das famílias melhor”, acrescenta Silvia.
No segundo trimestre, a taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, abaixo da observada no mesmo período de 2022 (18,3%). É a mais baixa para esse período desde 2020 (15%).
E o que esperar daqui em diante?
O que os economistas dizem é que o desempenho da atividade econômica neste ano pode ser dividido em dois momentos. Se o primeiro semestre foi marcado por um crescimento, o segundo deverá ser desaceleração, com a possibilidade de o PIB recuar.
“Eu trabalho com uma economia bem de lado neste segundo semestre”, afirma Alessandra.
No restante do ano, o cenário internacional deverá ser mais difícil, com as principais economias desacelerando, em especial a Europa e a China, grande importadora de produtos básicos do País.
“Esse contexto para a economia brasileira é de desaceleração. Estamos vendo a economia global perder força, e a economia brasileira deve sentir esse efeito”, diz Salles.
Um outro ponto de desaceleração tem a ver com o aperto monetário. A queda da taxa básica de juros (Selic) leva um período para beneficiar a economia e só deve resultar em algum alívio para a atividade apenas no ano que vem. “É uma economia que deve esfriar (no segundo semestre) para depois começar a retomar ao longo de 2024″, afirma Salles.
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