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O poder do Centrão no Brasil – TV Cultura

O termo está nas manchetes, nos jornais, no dia a dia do governo, da sociedade. Estamos falando do centrão, esse grupo de parlamentares que têm forte influência na política nacional. Mas como ele surgiu? Como atua hoje?

Como surgiu o centrão?

De acordo com Fábio Saboya, consultor em relações governamentais, o centrão surge a partir de uma necessidade de um grupo de pressão que representasse o capital, o investidor, uma vez que os temas da construção da Constituição estavam mais orientados à esquerda.

Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências, diz que, pegando essa reconstituição histórica, existem duas características importantes que ficam até hoje: a primeira é um componente ideológico (não no sentido muito forte do termo), uma vez que a origem do centrão é de direita. A segunda característica é a ideia de que o plenário é soberano. de que as decisões internas – sejam na câmara ou no congresso – precisam estar majoritariamente presentes no plenário.

Nas palavras de Cortez: “Isso é importante, porque me parece que, hoje, quando a gente discute esse protagonismo do centrão na política nacional, entre outras razões (…), tem muito a ver com protagonismo do plenário. Mais recentemente, lideranças parlamentares entenderam que a maioria governa e, quando ela está organizada, basicamente comanda o processo legislativo.” Cortez ainda diz que isso fica muito claro sempre quando há governos de esquerda no executivo, porque dá pra notar claramente o contraste entre a maioria no executivo e uma maioria parlamentar que tende a ser de centro-direita.

Qual a definição do centrão?

Saboya diz que o centrão não é grupo, não é bloco, não é frente parlamentar e nem tem interesse em se organizar. Ele é um grupamento que vai atrás da maioria para negociar. “É gente que não tem repercussão de mídia, não tem voto.”, aponta Saboya.

Cortez diz que a grande questão é o quanto a referência histórica ainda perdura hoje na maneira como o centrão é tratado. Ele ganhou um certo tom pejorativo, então, quando nos referimos ao centrão, é como se a gente estivesse se referindo a quase que uma identidade com fisiologia.

“O que me parece que é importante é pensar esse centrão como a maioria dos parlamentares, que têm uma característica em comum. São chamados de baixo clero (…) no sentido que eles não têm força para disputar cargos nacionais, não são lideranças conhecidas com capital política nacional. A força deles vem quando conseguem se unir em algum tipo de coletividade. E o que é curioso desse centrão é que ele não é concreto, não tem sede (…). Em tese, ele não existe”, completa Cortez. 

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!