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Lula sobre Campos Neto: Presidente do BC trabalha para prejudicar o País. Entrevista com Rafael Cortez, Cientista Político e Sócio da Tendências Consultoria – TV Band News

Em entrevista ao BandNews, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, discutiu as críticas do Presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Sobre a fala do Presidente Lula a respeito do comportamento do Banco Central, que define a taxa básica de juros da economia brasileira, em que ele diz que é a única coisa desajustada que existe no Brasil neste momento, Cortez diz que esse não é o único problema.

“Pensando evidentemente nas discussões relativas à agenda econômica, a política monetária na verdade é uma resposta a uma série de outras questões que envolvem fiscal, taxa de câmbio, atividade, enfim. A política monetária é um instrumento para se controlar a inflação em meio à conjuntura, que pode ser mais ou menos adversa. Parece mais que é uma fala para tentar tirar um pouco de responsabilidade no momento de percepção de, não sei se crise é o tema, mas uma situação pelo menos muito delicada em relação às expectativas econômicas e que, na verdade, retrata uma postura que o presidente já tinha tido em outros momentos relativas à questão do Banco Central, em particular o presidente Roberto Campos Neto.”

Cortez ainda acha que temos que separar duas questões: uma envolvendo o institucional, que é a relação do Banco Central, como ele define política monetária, e a outra envolvendo a relação das pessoas, no caso o presidente Lula, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos.

“Os agentes econômicos precisam crer que o Banco Central vai agir para combater a inflação, porque senão dá aquele fenômeno da espiral inflacionária: todo mundo acha que vai ter inflação, todo mundo vai ajustando o preço do bem que comercializa e aí a profecia se auto-cumpre. O que eu acho que é importante é a gente fazer uma separação entre as questões relativas à política monetária e essa questão mais política que acabou ganhando corpo não só pelas falas do presidente, mas também pelo próprio comportamento do Roberto Campos.”, aponta Cortez.

Sobre a fala do Presidente Lula a respeito dos ricos e o orçamento do país, Cortez acredita que, nesse ponto, o presidente traz contribuições importantes para o debate público.

“A gente precisa, como nação, definir melhor a alocação orçamentária. Estamos produzindo basicamente déficit primário, ou seja, estamos gastando mais do que temos há um bom tempo. Isso tem implicação para curva de juros, crescimento econômico, etc. O fato é que, hoje, a estrutura de gastos é maior do que a estrutura das receitas e uma parte da explicação tem a ver com esse ponto que o presidente Lula traz na sua fala. Existe um valor exorbitante de isenções tributárias, ou seja, de receitas que poderiam estar ajudando a financiar esse gasto.”

Quando questionado sobre a fala do presidente a respeito da eleição em 2026, Cortez diz que o final dela mostra uma aposta na polarização, na ideia de se colocar como um líder para se contrapor, veladamente, ao bolsonarismo. Isso serve como base para unificar uma coalizão político-partidária pensando em 2026, com o principal argumento para referendar e justificar mais uma candidatura por parte do Presidente Lula.

“Não anunciar agora e não explicitar essa intenção, fazer esses condicionais e postergar a discussão para reeleição, é uma estratégia racional para, entre aspas, não encurtar o seu mandato, porque vai ser cada vez mais desafiador. A gente conversava há pouco sobre os dilemas de unir essa coalizão política e uma parte disso tem a ver com o jogo eleitoral. Então imaginar que a discussão eleitoral já vai entrar na pauta vai dificultar ainda mais os partidos a permanecerem unidos, porque a coalizão de governo é ampla, tem partido de diferentes ideologias e tem partido querendo apoiar eventualmente a oposição.”, aponta Cortez.

Cortez finaliza dizendo que “o presidente Lula tenta dar um fôlego maior ao seu mandato já no ano que vai ser difícil. É um ano de eleição municipal e de disputas de sucessão na Câmara e no Senado, então o presidente tem que tentar dar alguma unidade ao mandato de novo. Ajuda, mas essa unidade não vai vir se o governo, de fato, não reformular sua composição ministerial e apresentar qual é o projeto que vai garantir e dar recheio aos anos da metade final do mandato atual.”

Reprodução. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!