Grupo político “centrão” domina o Congresso e se aproxima do governo Lula – CNN Brasil

Grupo político “centrão” domina o Congresso e se aproxima do governo Lula - CNN Brasil

Em participação especial na edição de 30/07/2023 do programa WW da CNN Brasil, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências, fala sobre o chamado “centrão”, grupo político que domina o Congresso e se aproxima do governo Lula.

Afinal de contas, o que é o “centrão”?

Graziella Testa, que também é cientista política e participa do programa junto a Rafael Cortez, diz que, antes de ser levantada a questão sobre o que é o chamado “centrão”, é preciso dar um passo para trás e perguntar: o “centrão” existe de fato?

Testa diz que é muito difícil negar a existência de um grupo que possui comportamentos muito semelhantes, mas dizer que esse grupo é consolidado e funciona como um “corpo” de se justificar.

Pensando na origem do “centrão”, ele surge na Assembleia Nacional Constituinte, que tinha duas principais bandeiras. Naquele momento, tínhamos o “centrão” muito ligado a pautas conservadoras, resistindo às chamadas “forças de esquerda”, que operavam nas comissões e buscavam empoderar mais o Plenário, conseguindo mudanças nas regras de funcionamento.

A principal característica do “centrão” atual, de acordo com Testa, é que esses parlamentares possuem pouco apego ideológico e posicionamento bastante vocalista, de levar recursos e tudo aquilo que seria de mais positivo para seus redutos eleitorais, buscando construir a sua carreira política com essa característica.

Testa diz que existem pesquisas mostrando que membros desses partidos mais voltados para o “centrão” possuem comportamentos menos partidários, ou seja, mudam mais de partidos antes de assumirem pela primeira vez um cargo eleito. Além disso, possuem comportamento menos associativo, sendo menos membros de entidades da sociedade civil, além de ocuparem menos posições de liderança.

Em um resumo, Testa define o “centrão” como parlamentares com comportamento localista e pouco apego ideológico e programático em relação a políticas públicas específicas.

Murillo de Aragão, outro cientista político convidado da CNN, acrescenta que a gênese do “centrão” é ideológica, no momento em que ele aprova uma série de reformas desde o governo Temer até o governo Bolsonaro.

Aragão diz que não podemos deslocar o “centrão” de posturas ideológicas, porque foi ele que assegurou a Reforma Trabalhista, a Reforma Previdenciária, a autonomia do Banco Central, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o teto de gastos, regra de ouro e muitas outras.

Aragão, por sua vez, define o centrão como um aglomerado de partidos mais “fraco” que tem como eixo comum um certo conservadorismo social e liberalismo econômico, um fisiologismo para sobreviver politicamente e assegurar a sua perpetuação.

Qual a força do “centrão” no governo do país?

Rafael Cortez diz que uma característica que os partidos do centrão têm no nosso sistema político é o de ficar orbitando em torno de forças que, efetivamente, competem pela presidência.

Na visão de Cortez, não se trata de uma questão de esses partidos serem mais ou menos fisiológicos que outros, mas, sim, uma restrição política que faz com que eles criem outros caminhos para sobreviver politicamente.

Cortez diz que é o “centrão” que dá o tom do congresso, seja se aproximando de partidos fortes de esquerda, como no caso do PT, seja se aproximando de partidos da direita, como o PSDB até 2014 ou, mais recentemente, de partidos bolsonaristas. Dependendo da orientação do governo no momento, a relação é diferente.

Qual a relação do governo Lula com o “centrão” atualmente?

Nas palavras de Aragão, Lula entende que não daria para governar com as forças que ele teria ao seu dispôr no início do seu governo. Entretanto, esse “casamento” é um casamento de conveniência. O Congresso, hoje, é muito mais forte do que já foi, porque o “centrão”, desde 2015, vem organizando o crescimento do legislativo como força de influência na governabilidade do país. Dessa forma, Aragão acredita que Lula precisou “se render” a essas forças majoritárias, mas esse “casamento” será complexo.

Quando perguntado sobre ser o governo Lula que estaria aderindo ao “centrão” ou vice-versa, Cortez acredita que, por conta da agenda que vem pela frente, o governo Lula tem um senso de urgência maior em construir uma base sólida de aliados.

Confira o programa completo no vídeo abaixo!

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