Governo pode crescer menos por descontrole fiscal – GloboNews

Governo pode crescer menos por descontrole fiscal - GloboNews

Um relatório da Tendências Consultoria obtido com exclusividade pela GloboNews aponta que o PIB pode, no final, crescer menos nos próximos anos pela incapacidade do país de manter a meta fiscal.

No cenário de longo prazo, é apontada a incerteza permanente em relação à política, além da pouca disposição do governo e Congresso em contingenciar despesas. A combinação desses fatores levaria a um crescimento menos expressivo.

“O mercado, de maneira geral, é muito cético em relação ao cumprimento de meta zero para esse ano, justamente porque é um ajuste que depende de receita. E têm várias medidas que o governo está tocando para frente e ainda pretende tocar, cuja estimativa de receita é entendida como superdimensionada. Então, o mercado trabalha com uma certa taxa de sucesso em relação ao que o governo fala.”, aponta Alessandra Ribeiro, sócia e diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências. Nas contas da Tendências para 2024, a taxa de sucesso do governo é de 42%. “A gente termina esse ano com um déficit de 0,8% em relação a meta de 0%.

Alessandra diz que, apesar da pouca factibilidade de entrega da meta zero, é importante o governo seguir perseguindo essa meta, porque isso guia esforços e gera algumas correções. Além disso, o governo tem gatilhos, caso a meta não seja cumprida, para reduzir crescimento a partir do ano seguinte.

“Apesar de ser difícil entregar, é importante essa briga para manter a meta em zero, dados esses mecanismos de ajustes. A gente tem em nosso cenário ainda um tempo bom para o governo conseguir, primeiro, estabilizar as contas e depois gerar resultado primário. Daí a gente vê, ao longo do tempo, a estabilização da dívida.”, diz Alessandra.

Ela ainda diz que “temos um cenário de dívida crescente ao longo dos próximos anos e isso é um grande limitante para o crescimento brasileiro, porque isso precisa ser financiado. O mercado entende essa dívida maior com maior risco, então exige um juro mais alto para financiar e juro mais alto a gente sabe que é um limitante para consumo e investimento.”.

Ajuste pela receita

“O crescimento é super importante para determinar a arrecadação. Ainda que, nesse crescimento de 2024, a gente vá observar uma desaceleração importante da economia em relação ao ano passado, temos alguns setores que vão mostrar uma recuperação ao longo do ano, que ajudam na arrecadação, como é o exemplo do setor industrial. Mas, sim, é um crescimento mais limitado e isso bate a arrecadação.”, aponta Alessandra.

Ela também diz que um ponto em que o mercado é mais cético e a Tendências também se mostra bastante cautelosa é com relação a algumas estimativas que o governo tem, desde receitas relacionadas a processos do CARF e outras linhas avaliadas que tenham um superdimensionamento até a subestimação de algumas despesas, como, por exemplo, relacionadas à previdências.

Como o cenário externo afeta o nosso PIB?

Alessandra diz que o cenário internacional no ano de 2024 não vai ajudar muito. Temos um cenário de desaceleração da economia global, olhando para as principais regiões, como as economias dos Estados Unidos, da China e Europeia, com essa última tendo um crescimento muito fraco.

Ela diz que, neste ano, especificamente, temos ainda alguns rescaldos para 2025 e vemos uma dificuldade do mundo em ajudar, pelo contrário. É um vetor que atrapalha a nossa atividade econômica, porque, com o mundo crescendo menos, a gente exporta menos também, como é o caso das commodities e produtos manufaturados.

“É claro que, olhando em um prazo maior de tempo, a gente segue bastante otimista, especialmente com o setor agropecuário. Apesar das mudanças na economia mundial, a gente vê, ainda, um espaço importante de crescimento, além de ser um setor que contribui e que cresce muito baseado em produtividade. Então não é um cenário que a gente olha de maneira muito preocupada para frente, apesar de, especificamente, para esse ano, não ajudar muito.”, finaliza Alessandra.

Confira a reportagem completa no vídeo abaixo!

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