A chegada de um ano novo traz incertezas para a economia brasileira – Jornal da Cultura
- Na Mídia
- 05/01/2024
- Tendências
O ano novo tradicionalmente chega sempre repleto de desafios e incertezas. E 2024 é fértil nesse caminho quando o tema da conversa é economia.
Lá fora, temos guerras que podem mexer com os preços das commodities, as matérias primas agrícolas e metálicas. Tem, ainda, os Bancos Central tentando debelar a inflação.
Aqui, só para ficarmos em alguns exemplos, há dúvidas se o governo fechará o ano com déficit primário zerado. Os juros estão em queda, mas até quando esses cortes vão continuar?
O maior desafio da economia brasileira em 2024 é o de zerar o déficit público primário, que não leva em conta o pagamento dos juros da dívida do governo. O próprio Presidente Lula implodiu essa meta.
A meta está prevista no chamado arcabouço fiscal, um conjunto de regras para colocar as contas públicas em ordem. Para zerar o déficit primário, o governo precisa aumentar a arrecadação em quase R$ 170 bilhões.
É com a tributação dos fundos offshore, abertos no exterior e exclusivos, conhecidos como dos super ricos, entre outros, que a equipe econômica conta para atingir esse objetivo. Isso tem impacto direto sobre a economia.
A economia não deve crescer como em 2023. Cerca de 3% por vários fatores.
“Primeiro, não teremos mais um pulso forte do crescimento do agro neste ano de 2023. A expectativa é de um desempenho muito mais próximo da normalidade do padrão histórico. Além disso, também o próprio setor de serviços, que vem num valor positivo desde a recuperação da pandemia, já mostra uma certa moderação, inclusive pelo fato de que não teremos mais o grande ganho do aumento do Bolsa Família, que tivemos em 2023. Devemos ter, no próximo ano, alguns efeitos residuais do grande aperto monetário que houve aqui no Brasil”, diz Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências.
E aí vem outra incerteza: para dar gás à atividade econômica, até que ponto o Banco Central pode manter o ciclo de queda dos juros iniciado em agosto?
A inflação é outro enorme desafio. Não se sabe ainda quais serão os impactos das guerras entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas sobre os alimentos e o petróleo. No front interno, o país não vai poder contar com o aumento significativo da produção agropecuária para segurar os preços.
Outro ingrediente é o clima: o El Niño. O fenômeno ocorre em intervalos de até 7 anos. É o aquecimento da superfície das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que acaba gerando alterações no clima em todo o planeta. Ainda não se sabe qual vai ser o impacto na temperatura, mas o estrago pode ser grande.
Paira também a dúvida: até quando os Bancos Centrais do planeta vão manter os juros lá em cima para combater a inflação? Isso tem impacto no dólar, na Selic e na economia mundial e do Brasil.
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