Em entrevista ao Jornal da Cultura, Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, afirmou que o governo aposta em medidas para turbinar o crédito e impulsionar a economia, buscando melhorar sua popularidade.

Apesar de positiva, a medida pode levar a efeitos indesejáveis, como mais riscos de inflação e juros mais altos.

No total, serão liberados R$ 12 bilhões para pouco mais de 12 milhões de trabalhadores, segundo a Caixa Econômica Federal. O saque foi possível graças a uma Medida Provisória assinada pelo presidente Lula no último dia 28. É a primeira de um pacote de medidas que o governo deve adotar para injetar mais dinheiro na economia.

A proposta mais avançada é a que amplia o crédito consignado para trabalhadores do setor privado. O saldo dessa modalidade estava em quase R$ 40 bilhões em dezembro, bem menos do que no consignado dos servidores públicos e beneficiários do INSS.

Isso porque, hoje, o trabalhador só pode ter acesso ao consignado com o banco que tem convênio com a empresa. A ideia é que essa operação passe a ser feita pelo eSocial, onde estão registrados todos os dados dos assalariados. Com isso, vai ser possível escolher a instituição financeira com as melhores condições de empréstimo, como juros e prazos, ampliando o volume dos financiamentos liberados.

O governo estuda ainda ao menos outras duas medidas, mas a dose do remédio pode fazer mal à economia, alertam os especialistas. Mais crédito significa maior consumo, o que tende a pressionar a inflação, bem no momento em que o Banco Central vem subindo juros para tentar frear a alta dos preços.

“Qual é o problema disso? É o Banco Central ter dificuldade para esfriar a economia e trazer essa inflação para baixo. E daí ele tem que responder a essa busca pela inflação na meta. Então, o risco é o Banco Central ter que ser ainda mais duro, ou seja, elevar essa Selic ainda mais para conseguir atingir esses objetivos”, explica Alessandra Ribeiro.

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