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Economia em alta, mas futuro pode desacelerar – Panorama Farmacêutico

A economia fechará 2024 acima das projeções, mas os ventos podem mudar muito em breve. Quem afirma é Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria.

Cenário atual da economia brasileira

Alessandra diz que temos uma foto muito positiva da atividade econômica, do mercado de trabalho e do consumo no Brasil. Os números, inclusive, vão fechar 2024 melhores do que se imaginava lá no finalzinho de 2023 ou começo de 2024. Então, significa que a economia brasileira deve crescer um pouco mais de 3%. 

As projeções de mercado eram de uma economia que fosse crescer na casa de 1,5%. Então, temos uma economia que vai crescer acima de 3%. E quando olhamos os principais gatilhos para esse crescimento, são principalmente o consumo das famílias e os investimentos. O consumo das famílias vai ter um crescimento muito expressivo, inclusive muito superior ao que vimos em 2023.

Mas por que a economia surpreendeu tanto? Por que está crescendo muito acima do que se imaginava inicialmente, com essa força do consumo e dos investimentos? Alessandra acredita que existe uma explicação importante, com alguns elementos que movimentam a economia brasileira.

Um movimento importante tem a ver com o aumento dos gastos públicos. Isso acaba afetando a economia de forma geral, seja nos investimentos, seja no consumo das famílias. Essa é uma força da economia brasileira este ano e tem a ver com essa política fiscal que émais expansionista, de mais gastos, que está movimentando a economia.

Também temos o efeito, que é defasado, mas relevante, do corte de juros promovido pelo Banco Central. Esse corte demora um pouco para afetar a economia, mas estamos colhendo esses efeitos na economia brasileira.

Além disso, tem um ponto importante relacionado à própria resiliência da economia global, especialmente da economia americana, que também tem efeitos aqui no Brasil

Como fica o setor farmacêutico em 2025?

Temos muito a força do mercado de trabalho. Ele está crescendo bastante este ano, tanto em termos de vagas quanto de salários, dentro de um conceito importante: a massa de renda das famílias. Essa massa de renda deve crescer 7% em termos reais. Ela nada mais é do que a composição de empregos gerados com o salário médio.

Podemos observar um mercado de trabalho muito dinâmico, com a massa de renda das famílias crescendo bastante e o crédito às famílias também em alta, devido ao efeito dos juros, que apresentou um crescimento expressivo. Isso explica por que o consumo está tão pujante, impactando o varejo de forma geral.

As projeções da Tendências para este ano no setor farmacêutico, com análises baseadas em pesquisas do IBGE, incluindo a Pesquisa de Comércio, que possui uma abertura específica para o setor farmacêutico, apontam crescimento de 14,5% para este ano.

A Tendências vê um setor muito dinâmico, com uma alta acumulada (considerando os dados de setembro de 2020 a setembro de 2024) nesse segmento de cerca de 38%. É um segmento que se destaca dentro do varejo.

Olhando para 2025 e os próximos trimestres, Alessandra espera uma tendência de desaceleração da economia brasileira. Isso, obviamente, significa que a economia vai perder um pouco de força, impactando o mercado de trabalho, a renda das famílias e, consequentemente, o consumo.

O que a Tendências projeta para 2025, em linhas gerais, é um cenário de menor crescimento. Dá para dizer que será um cenário ruim ou de crise? Alessandra acredita que não. O que ela vê é uma tendência de crescimento mais moderado.

A economia, que cresceu um pouco acima de 3% em 2024, deve apresentar um crescimento de 1,7% em 2025. Com isso, o mercado de trabalho também seguirá positivo, mas em um ritmo bem mais brando. A massa de renda, que em 2024 cresceu 7% em termos reais, deve crescer 4% no ano que vem.

Ainda será um bom crescimento, mas em um ritmo menor. Isso significa que o consumo também perderá força. Ele continuará crescendo, mas em um ritmo inferior ao observado em 2024.

No setor farmacêutico, a Tendências projeta, depois de 14,5% de expansão em 2024, um crescimento de 3% em 2025. É um cenário ainda positivo de crescimento, mas em um ritmo mais moderado. Por que isso acontece? Alessandra explica que existem alguns elementos explicativos.

Primeiro, há a economia global, que está passando por um processo de desaceleração que nos afeta, ainda mais com as incertezas envolvendo a economia americana. Após a eleição de Trump, muitos pontos da política econômica por lá tendem a impactar negativamente a economia global, nos afetando aqui.

Outro ponto é que o Banco Central brasileiro está subindo os juros para controlar mais a inflação. Esse movimento, com alguma defasagem, impacta o crédito, o consumo das famílias e os investimentos.

Alessandra finaliza dizendo que enfrentamos um ambiente de maior incerteza domesticamente. Um dos motivos está relacionado ao aumento de gastos do governo. Há dúvidas sobre como o governo vai fechar essas contas, o que também afeta o ambiente de confiança e os ativos de mercado, impactando a atividade econômica e o consumidor final.

Esses elementos — sejam as condições globais, sejam os fatores domésticos como a alta de juros para controlar a inflação e as incertezas sobre as contas do governo — devem afetar as condições de consumo das famílias e, consequentemente, levar à desaceleração esperada para 2025.

Confira o vídeo na íntegra abaixo!