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Magda Chambriard assume presidência da Petrobras – BandNews

Em entrevista ao BandNews, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, discutiu a recente posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras.

“É sempre aquela mesma história: toda mudança no comando da Petrobras é quase sempre resultado de algum conflito político maior. E eu uso o termo “conflito” no bom sentido, no entendimento de quais os rumos a companhia deve tomar e, sobretudo, qual a ligação dessa agenda esperada para a companhia com o ambiente político e econômico como um todo.”, diz Cortez.

Ele ainda aponta que é natural, pela própria estrutura da Petrobras, que é de capital misto, um controle majoritário do governo que acaba causando, em alguma medida, um duelo entre interesses mais políticos e interesses empresariais como se fosse uma companhia privada.

Sobre Magda Chambriard já entrar no cargo pressionada ou não, Cortez diz que “não há dúvida que a questão técnica é fundamental. A gente vive em uma economia de mercado e, com qualquer decisão da companhia, os preços já são afetados, ou seja, os indicadores de desempenho já começam a aparecer. Então o trabalho de quem quer que se sente na cadeira da presidência de uma companhia como a Petrobras vai ser visto e analisado de forma muito próxima, inclusive do ponto de vista técnico.”.

Ele sinaliza que, “quando a gente junta essas condições do mercado com a repercussão política, é natural que ocorra, pela magnitude da empresa e pelo estilo societário que ela tem, uma politização. Até porque uma das divisões, seja dentro do governo, entre ele a oposição ou mesmo entre esquerda e direita, tem a ver com o papel da companhia e, mais do que isso, no estilo de política econômica que orienta a estratégia de desenvolvimento.”.

Quando questionado sobre o quanto a politização da Petrobras pode ser prejudicial para a economia do país e todo o próprio governo, Cortez diz que o primeiro efeito é a dificuldade de entendimento do que, de fato, está acontecendo. “É preciso separar o que é muita fumaça, o que é exploração política por parte dos grupos de interesse. Quando um tema é muito politizado, digamos que essa cortina de fumaça é densa, de difícil análise. Por isso vale a pena trazer um olhar técnico para o que de fato está acontecendo.”.

“A grande questão é que algumas decisões da companhia, mesmo que tomadas do ponto de vista técnico, acabam tendo impacto do ponto de vista macroeconômico num primeiro momento e, depois, dos resultados desse processo.”.

Sobre o que esperar de Chambriard à frente da Petrobras, Cortez diz que, como ela tem presença na companhia e conhece o mercado, não vê, a priori, nenhuma necessidade de maiores alarmismos.

“Eu acho que a questão não é nem tanto a figura da Magda, que está subindo agora, mas qual a motivação da escolha. Na verdade, acho mais interessante, no fundo, a gente olhar o que será que estava por trás com a decisão de mudança na companhia. Se eventualmente era uma decisão no sentido de não-avaliação positiva do Jean-Paul como presidente antigo e aí, na verdade, as diretrizes vão permanecer as mesmas, só mudando os aspectos operacionais ou terão mudanças de maior fôlego nessa relação entre interesses da agenda econômica e política da companhia.”, finaliza Cortez.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!