Como a decisão do Fed (EUA) impacta economia brasileira e global – Estadão Podcasts
- Na Mídia
- 07/05/2024
- Tendências
A manutenção dos juros nos Estados Unidos sempre tem repercussões na economia internacional, inclusive aqui no Brasil. Tendo em vista o cenário norte-americano, parte dos agentes do mercado enxerga que é cada vez mais provável que o Banco Central seja forçado a encerrar o ciclo de cortes da Selic, a taxa básica de juros, em um nível acima do esperado.
Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, falou no “Estadão Notícias” sobre o cenário atual da política monetária norte-americana e seus impactos na economia brasileira.
Existe uma máxima que diz que, quando a economia americana espirra, o resto do mundo fica gripado. Será que ela segue intacta? De acordo com Alessandra, sim!
Ela diz que, quando vemos um movimento mais importante na economia americana, temos reflexos para o resto do mundo. Obviamente são reflexos diferentes para economias avançadas e economias emergentes que possuem riscos mais altos, como é o caso da nossa aqui no Brasil.
“Quando a gente fala de como a economia europeia é afetada quando há algum tipo, por exemplo, de decisão do Banco Central americano, o efeito existe, mas ele é muito diferente nessa gradação quando a gente pensa em economias emergentes e endividadas, cujos agentes econômicos tenham uma percepção de risco maior. Aqui, é mais pronunciado o efeito, sem sombra de dúvidas.”, aponta Alessandra.
Quando questionada sobre que tipo de efeito a persistência da inflação nos EUA e o ritmo de cortes na taxa básica de juros por lá tem gerado aqui no Brasil e em outras economias, Alessandra cita como exemplo a valorização do dólar, que afetou as outras moedas ao redor do mundo, principalmente as de países emergentes, como o real.
“As próprias taxas de juros futuros nos Estados Unidos subiram bem, não só as taxas de curto prazo, mas as de longo também e isso tem um efeito aqui, porque é um balizador de taxa de juros no mundo. Quando essas taxas ficam mais altas, vemos as taxas de juros de outras economias reagindo e subindo patamares e foi o que vimos aqui. (…) Vimos efeitos bem imediatos, principalmente pelo canal de ativos financeiros.”
E quem é que sorri no Brasil com o dólar mais valorizado? Quem exporta se dá bem?
De acordo com Alessandra, é preciso ter um pouco de cuidado. “Esses produtores que exportam, às vezes, também são grandes importadores de vários insumos e matérias-primas, então têm efeitos do outro lado também. E existe outro elemento que é a própria questão da atividade global, os mercados para onde eu exporto. Se eu exportar para os Estados Unidos, que a economia está resiliente e bem, com a demanda se sustentando, é um bom mercado para os nossos produtos. Mas, se a gente está exportando para economias que já estão enfraquecidas e em desaceleração, estamos enfrentando mercados em que a demanda pode estar um pouco mais fraca.”.
Com esse cenário desafiador e nossos próprios problemas fiscais, a questão que fica é: será que isso tende a levar que o Banco Central revise a questão dos cortes de juros da nossa taxa básica? Alessandra acredita que sim.
“Tem essa possibilidade sim, porque a gente está se deparando com um cenário realmente diferente em relação ao inicialmente projetado. É um cenário em que esses juros americanos ficam por aí ainda por um bom período, com o risco de não ter queda de juros nos Estados Unidos neste ano. E aí temos esse dólar mais apreciado com reflexos aqui na nossa moeda e esse balizamento que a gente tem de juro externo mais alto, o que afeta também a nossa política monetária, exigindo um juro mais alto por aqui.”, aponta Alessandra.
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