Com reajuste na mensalidade escolar, prévia da inflação acelera para 0,78% em fevereiro – O Globo
- Na Mídia
- 29/02/2024
- Tendências
Alimentos, saúde e cuidados pessoais também tiveram destaque, diz IBGE
O IPCA-15, índice que funciona como uma prévia da inflação, voltou a acelerar, chegando a 0,78% em fevereiro. O resultado foi impulsionado pelo segmento de educação (5,07%) por conta dos reajustes nas mensalidades escolares, normalmente praticados no início do ano. Ainda assim, os dados divulgados pelo IBGE vieram pouco abaixo do que esperavam analistas (0,82%).
- Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,49%;
- O resultado foi 0,02 ponto percentual maior que fevereiro de 2023;
- Educação avançou para 5,07%, maior resultado do mês.
Economistas avaliam que o dado de fevereiro não deve interromper ou diminuir o ritmo de queda na taxa de juros, mas alertam que o resultado do IPCA deve vir ainda maior. Eles dizem que o IPCA-15 ainda não absorveu completamente o aumento no preço da gasolina, do diesel e do GLP, conhecido como gás de cozinha, no início do mês.
As alíquotas do ICMS que incidem sobre os combustíveis subiram no dia 1º de fevereiro, passando a ser um valor fixo e válido para todos os estados. Antes, cada estado tinha sua própria alíquota de ICMS, que era um percentual sobre o preço final do combustível.
O litro da gasolina, que tem grande participação no cálculo da inflação, passou de R$ 1,22 para R$ 1,37 (aumento de R$ 0,15), enquanto o diesel subiu de R$ 0,94 para R$ 1,06 (mais R$ 0,12).
Resultado por grupo
Em janeiro, o indicador havia desacelerado para 0,31%, apesar do aumento no segmento de alimentação e bebidas. As elevadas temperaturas no início do ano, com a intensificação do fenômeno El Niño, explicavam os preços mais elevados nesse grupo.
Os alimentos continuaram em destaque neste mês, mas os preços cresceram menos (0,97% em fevereiro, ante 1,53% em janeiro). Saúde e cuidados pessoais também contribuíram significativamente para o resultado (0,76%).
A taxa deste mês veio em linha com a registrada em fevereiro do ano passado (0,76%), indicando sazonalidade.
No segmento de educação, a maior influência foi dos cursos regulares (6,13%), principalmente ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%), pré-escola (8,14%) e creche (5,91%). Curso técnico (6,01%), ensino superior (3,74%) e pós-graduação (2,81%) também registraram altas.
O aumento nos preços foi quase generalizado. Entre os nove grupos pesquisados, houve queda apenas no segmento de vestuário, em que os preços recuaram 0,39% depois de subirem 0,22% em janeiro.
Confira os resultados por grupo:
- Educação: 5,07%;
- Comunicação: 1,67%;
- Alimentação e bebidas: 0,97%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,76%;
- Despesas pessoais: 0,46%;
- Artigos de residência: 0,45%;
- Transportes: 0,15%;
- Habitação: 0,14%;
- Vestuário: -0,39%.
O que dizem especialistas
O economista Matheus Ferreira, da Tendências Consultoria, afirma que a queda mais acentuada do preço das passagens aéreas surpreendeu analistas de mercado. Além disso, ele diz que não havia consenso sobre a magnitude da aceleração da inflação dos alimentos, ainda em decorrência dos fenômenos climáticos extremos.
Ferreira espera que o IPCA venha maior que a prévia, por conta do aumento do preço dos combustíveis em decorrência do novo ICMS. A inflação da gasolina foi de apenas 0,84% no IPCA-15, valor bem abaixo dos 2,2% que Tendências estima para o mês.
— A mudança no ICMS foi parcialmente captada agora no IPCA-15. No índice fechado, esse avanço deve ser maior. O transporte não veio tão alto por conta da deflação nas passagens. Excluindo passagens, haveria aceleração — conclui.
O analista não vê espaço para mudanças no plano de voo do Banco Central, que deve manter os cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, encerrando o ano com a Selic a 9,5%.
Já o economista-chefe da Mirae Asset, Julio Hegedus, concorda, mas afirma que o cenário pode mudar a depender da inflação no médio prazo:
— Para as próximas duas ou três reuniões, (o corte de 0,5 ponto percentual) pode ser mantido, mas o Banco Central pode diminuir essa queda para 0,25 ponto percentual adiante, dependendo dos próximos dados.
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