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Investidores apostam em uma queda contínua da Selic – GloboNews

Os analistas estão otimistas acreditando que a inflação vai ficar dentro da meta ao longo do ano e, com isso, a taxa Selic cairia para apenas um dígito em 2024. O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem reforçado essa ideia em falas públicas.

Quando questionada sobre a possibilidade de ter o número da taxa Selic abaixo de 9% ao fim do ano, Alessandra Ribeiro, sócia e diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências, diz que é possível sim.

“Temos algumas notícias positivas no front inflacionário. A principal notícia, pelo menos aqui na nossa avaliação, está relacionada ao comportamento dos preços de alimentos, que era realmente uma preocupação para esse ano, com o El Ninõ em especial e agora temos notícias melhores em relação ao El Niño provavelmente terminar um pouco antes. Temos também os índices de preços no atacado com comportamento muito melhor de algumas commodities, como milho, soja, não só ligada à questão brasileira, mas a oferta mundial. Nesse quesito, sim, a inflação de alimentos pode ajudar a ter uma inflação melhor.”, aponta Alessandra.

Entretanto, Alessandra alerta: “Ainda não estamos tão otimistas quanto alguns agentes de mercado, porque vemos alguns pontos de cautela. A inflação de serviços é, ainda, um ponto de atenção. A gente viu isso no último IPCA de janeiro. Temos o mercado de trabalho resiliente, que pode explicar uma inflação de serviços um pouco mais difícil. Temos, ainda, um outro ponto que nos preocupa bastante, que é essa injeção de recursos fiscais na economia, que pode deixar a demanda um pouco mais aquecida e dificultar essa queda mais pronunciada da inflação. Então, ainda que tenhamos alguns aspectos positivos – estamos vendo no nosso cenário essa Selic mais perto de 9% -, ainda não conseguimos ficar tão otimistas com uma Selic, por exemplo, mais perto de 8% e uma inflação mais cravada na casa de 3%, que é a meta.

Quando questionada sobre como vê a evolução no ano para a inflação de serviços, Alessandra aponta que, no IPCA de janeiro, quando olhamos para a métrica de serviços subjacentes, que é a inflação base de serviços, tirando, por exemplo, passagem aérea, podemos observar uma aceleração. Ainda que tenham elementos um pouco mais ligados à inflação de serviços financeiros, temos uma parte da inflação mais ligada a serviços intensivos em trabalho, que ainda sustentam um patamar muito alto.

“Ainda vale mencionar o contexto internacional. A gente vê uma situação muito complicada no Oriente Médio. Já vemos reflexo disso, por exemplo, em preços de frete, porque os navios estão tendo que mudar a rota, saindo do Mar Vermelho para outras rotas, que são mais longas.” diz Alessandra.

Ao ser perguntada sobre como a queda da Selic afeta o investidor privado, Alessandra aponta que os investimentos que são mais ligados à taxa de juros acabam tendo uma perda de rentabilidade. Então, nesse momento, o que se busca é uma maior diversificação, uma busca por ativos de maior risco, como, por exemplo, a Bolsa de Valores. “Investimentos só atrelados à taxa básica de juros vão ter um rendimento menor com a Selic indo, na nossa avaliação, à casa de 9%.”, diz Alessandra.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!