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Especial BandNews TV: Juliana Rosa entrevista a economista Alessandra Ribeiro – TV BandNews

Em entrevista à Band News TV, Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da Tendências Consultoria, analisa economia de 2023, compartilha perspectivas para 2024 e destaca os desafios evidentes para o crescimento do Brasil.

Crescimento da economia em 2023 concentrado em poucos segmentos

De acordo com Alessandra, é possível dizer isso, porque tivemos uma contribuição muito relevante do agro em 2023, por mais que existam efeitos indiretos, como em transporte, armazenagem e serviços financeiros.

Olhando outros segmentos, Alessandra aponta que a indústria esteve mais de lado, serviços foram desacelerando, mas ainda tiveram algum crescimento. Ela ainda diz que,  apesar dessa maior concentração do crescimento no agro, também houveram algumas surpresas em consumo, tanto de bens não duráveis (como, por exemplo, alimentos) quanto serviços. O que sofreu foi, principalmente, o consumo bens duráveis, que são mais caros e dependem de crédito, que esteve mais restrito em 2023.

“Os supermercados tiveram um bom comportamento neste ano e isso, ligado à resiliência no mercado de trabalho, inclusive formal.”. Alessandra diz que a queda no preço dos alimentos foi muito importante, aumentando o poder de compra das famílias e melhorando a alimentação no domicílio. Isso acabou respingando para o setor de serviços ligados a essas famílias, uma vez que, se estão gastando menos com alimentos, sobra dinheiro para investir em outros setores, como o de lazer.

Alessandra reforça que, mesmo que haja a concentração do crescimento da economia no agro, houveram elementos positivos que surpreenderam também, como bens e serviços.

Crescimento será mais espalhado e sentido pelas pessoas em 2024

“Apesar da desaceleração do PIB total – nós projetamos 1,5% para o ano que vem -, ele vai ter uma dinâmica diferente. E, nesse sentido, as pessoas podem sentir mais, principalmente a partir de meados do ano que vem, porque o PIB agropecuário deve ficar mais de lado, ou seja, o crescimento deve ser próximo a zero.”, diz Alessandra.

“A gente está falando de crescimento do PIB agropecuário, mas é fato que, quando olhamos o nível do que produzimos na parte agropecuária, estamos no maior patamar da série histórica. O nosso nível de produção é muito alto e, realmente, com o crescimento deste ano, seria difícil superar. Então já tinha um desafio dado o nível elevado e, aí, elementos, como o El Niño e a La Niña, a gente já está vendo que os efeitos vão ser mais importantes do que o inicialmente esperado, seja com excesso de chuva na Região Sul ou altas temperaturas e secas no Centro-Oeste, Norte e Nordeste.”, aponta Alessandra.

Ela ainda diz que, por conta de tudo isso, é esperado, já em 2024, o aumento nos preços dos alimentos, principalmente no domicílio.

“A gente está em um processo de desaceleração da inflação e redução de juros, então a economia deve sentir mais esse efeito todo a partir de meados do ano que vem, na nossa avaliação. E aí a indústria, que é mais sensível a crédito, (…) deve ter um impulso maior.”

Grande queda na inflação

Alessandra ressalta que, em 2022, tivemos uma ajuda muito forte na queda da inflação a partir da redução de impostos sobre o combustível, energia elétrica e telecomunicações, por exemplo.

“A gente sabia que não era sustentável e que isso voltaria em 2023, então esses impostos voltaram. Quando a gente olha para esses preços que tiveram redução de impostos no ano passado, eles estão bem pressionados esse ano pela recomposição de imposto. E o ponto é que, apesar dessa recomposição toda de impostos, mesmo assim a inflação está fechando em 4,6%, de acordo com as nossas projeções. Melhor do que a estimativa, lembrando que as projeções de mercado eram de que a inflação ficaria acima do teto da meta (4,75%).” sinaliza Alessandra.

Desafios para 2024

Alessandra diz que o desafio fiscal para 2024 é grande, porque temos uma meta que está sendo perseguida pelo atual governo, o chamado déficit zero. É uma meta de difícil execução, porque temos um cenário de aumento de gastos permitido pelo arcabouço fiscal, que precisa ser financiado.

“O governo tem várias pautas para aumentar a arrecadação para o ano que vem, muitas delas, inclusive, muito corretas, no sentido de resolver distorções que existem em vários tópicos, mas o fato é que tem uma luta para aumentar a arrecadação. Dado o ambiente político, a visão que se tem no Congresso não é uma agenda de fácil implementação. Então, na nossa avaliação, o governo vai ter dificuldade de aumentar essa arrecadação, pelo menos na magnitude que eles têm sinalizado.”, aponta Alessandra.

“Nos nossos cenários, a gente engloba uma taxa de sucesso do governo, em relação às receitas prometidas, de cerca de 40%, o que é muito pouco. Pelas nossas contas, o resultado primário vai ser negativo em 0,8% do PIB.”

Alessandra ressalta que “o fiscal é o grande guarda-chuva da estabilidade. Se ele mostra problema, não adianta outras agendas, elas vão ter os efeitos completamente minimizados quando o guarda-chuva não está em ordem.”

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!