Trump, Biden e as eleições nos EUA – Jornal da Gazeta
- Na Mídia
- 19/07/2024
- Tendências
Em entrevista ao Jornal da Gazeta, Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria, comenta sobre as perspectivas para o cenário político norte-americano.
Quando questionado sobre o atentado sofrido por Trump e a tentativa dele de criar um discurso mais moderado, Cortez diz que a leitura de que eventualmente o episódio possa ter gerado alguma tentativa de moderação parece equivocada.
“Eu acho que o discurso vai (…) reforçar esse caráter bem pessoal, essa relação bem pessoal do eleitor com o Trump se vitimizando ou colocando-se em outro papel, porque, quando olhamos do ponto de vista das políticas, aquilo que concretamente o Trump ensaia dizer que vai fazer em um eventual outro mandato, são todas políticas que vão reforçar essa polarização e vão gerar uma percepção para alguns grupos de risco muito alto, de tal sorte que eu não imagino que a campanha norte-americana vá gerar uma dinâmica de moderação. Acho que vai continuar muito polarizada.”
Cortez ainda diz que tudo leva a crer que, se confirmado um segundo mandato, será um reforço do tipo de política que Trump fez lá atrás, que tem como pano de fundo o nacionalismo, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista econômico. Podemos esperar muito protecionismo, sobretudo em relação à China.
Na parte política, Cortez aponta que há duas esferas: imigração, com uma visão mais conservadora e fechada, e no front internacional, uma postura mais dos Estados Unidos jogando sozinho e quebrando algumas alianças estratégicas, especialmente com a Europa, devido ao conflito entre Ucrânia e Rússia.
“Agora é um Trump mais experiente, possivelmente é um Partido Republicano governando as duas casas, ou seja, tendo ainda mais poder e é um Trump que vem de uma agenda negativa de um judiciário na cola dele. Dá para esperar, se ele vencer, um governo mais conflituoso e, até lá, ao longo da campanha, vai ser, de alguma maneira, reflexo dessa expectativa.”, aponta Cortez.
Sobre Biden, Cortez diz que a maioria do eleitorado rejeita a administração do atual presidente, então há uma campanha que demandaria muita energia e esforço, tornando isso um problema político.
Ele acredita que o dilema é resolver logo, porque o atraso em decidir se vai com Biden ou muda acaba prejudicando.
A questão é se Kamala Harris conseguiria ter força para virar o jogo, pois a transição para ela seria mais fácil por conta dos delegados e apoio financeiro, fundamental na campanha nos EUA.
Cortez acredita que esse talvez seja o principal triunfo na eventual saída de Biden. Harris assumindo facilitaria do ponto de vista da gestão da campanha até aqui, legal e politicamente.
O problema é que ela é razoavelmente conhecida e ligada à administração rejeitada. Pesquisas não indicam que Harris mudaria a situação, mostrando uma vantagem ligeiramente menor de Trump sobre ela.
Como Michelle Obama, ex-primeira dama, não quer entrar na campanha, os democratas ficam nesse dilema. Michelle é apontada como uma vitória contra Trump, com vantagem de dois dígitos em algumas pesquisas.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!