Embalada pela supersafra de grãos, o saldo da balança comercial deve superar a marca recorde de US$ 90 bilhões este ano. Se o agronegócio aparece bem na foto, o mesmo não dá para se dizer da indústria, que, mais uma vez, perde espaço na corrente de comércio do Brasil com o exterior.
As exportações do agronegócio vão de vento em popa e não é por causa do dólar mais caro, é crescimento em volume vendido no mercado internacional. O Brasil soube explorar as reorganizações das cadeias globais de produção após os choques da guerra da Ucrânia e do embate entre os Estados Unidos e a China. Some-se a isso uma previsão de safra recorde de grãos, pela primeira vez acima dos 300 milhões de tonelada nas contas do IBGE.
O resultado é que a estimativa da Tendências, por exemplo, é que o saldo da balança comercial ultrapasse os US$ 90 bilhões de dólares este ano, outro recorde.
“De certa forma, há um cenário favorável às exportações, apesar de um crescimento mundial mais comedido e, também, das quedas de preços. (…) De forma geral, o aumento de volumes tem mais do que compensado esses fatores. E, também, olhando do outro lado, as importações apresentando uma queda neste ano, o resultado é, de novo, (…) a renovação do recorde, com a expectativa de um saldo de cerca de US$ 93 bilhões.”, aponta Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências.
Saldos positivos na balança comercial significam mais dólares no Brasil. Isso derruba as cotações da moeda americana e, de quebra, ajuda a manter a inflação bem comportada. Para completar, o Brasil tirou dos Estados Unidos o título de maior exportador de milho do planeta e está prestes a fazer o mesmo com o algodão.
Se no campo, as exportações vão muito bem, na indústria, as coisas não estão tão animadoras. A participação das fábricas na pauta de vendas ao exterior caiu de 59% no ano 2000 para menos de 30% nos tempos atuais, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil.
O saldo da balança de produtos manufaturados saiu de um déficit de US$ 5 bilhões em 2005 para um resultado negativo de US$ 128 bilhões no ano passado.
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