Rio Grande do Sul: Preços do arroz e da soja devem subir, projeta Tendências – GloboNews

Rio Grande do Sul: Preços do arroz e da soja devem subir, projeta Tendências - GloboNews

As chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul devem pressionar a inflação nos próximos meses. A expectativa é que a alimentação em casa seja um dos setores mais impactados, fechando o ano com alta de 3,9%, de acordo com a projeção da Tendências.

Vale lembrar que o estado é um dos maiores produtores de itens importantes da mesa dos brasileiros, como é o caso do arroz, além de proteínas animais. Quando se trata da agropecuária no Rio Grande do Sul, o arroz representa 69,1% da produção nacional. Já a soja, 8,4%. O milho, por sua vez, representa 2,8%. Falando de proteínas animais, os suínos representam 17,1% da produção nacional, enquanto o leite representa 12,9% e os galináceos, 10,8%.

Já os setores industriais, temos uma produção bem importante no estado, tanto de itens já acabados quanto bens de capital (itens que são vendidos para outras indústrias), como é o caso dos setores de metalmecânica, coureiro-calçadista e alimentício.

De acordo com projeções da Tendências, a inflação da alimentação em domicílio deve aumentar, em 2024, de 3,5% para 3,9% com os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Já o IPCA, no mês de maio, deve subir 0,08p.p. e, em junho, 0,05p.p.

Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências, diz que o  nível de incerteza ainda é muito alto. Ela aponta também que algumas projeções ainda são baseadas em hipóteses, porque ainda não se tem uma clareza de todo o cenário e tudo o que foi afetado. É importante observar as movimentações do governo, tanto em relação ao auxílio às famílias quanto o auxílio para reconstrução do estado.

“Esperamos efeitos ao longo do tempo, mas há uma dificuldade de saber quando isso vai começar a se materializar na atividade por lá. Então, uma boa parte do ano, na nossa avaliação, devemos ter os efeitos negativos da tragédia. A nossa projeção inicial para o estado era de um crescimento de 2,9%, até porque, nos últimos anos, o estado teve um desempenho abaixo da média nacional, muito afetado por questões climáticas que colocaram toda a produção agropecuária em uma situação muito difícil.”, diz Alessandra.

Ela ainda aponta que, com base nas hipóteses da Tendências, é possível ver efeitos muito importantes para o próprio setor agropecuário, para a indústria e para o segmento de serviços. Quando pensamos em indústria e serviços, a situação deve ser normalizada uma vez que tudo comece a se recuperar no estado.

“E aí é que essas medidas de auxílios vão ser muito importantes, mas a gente tem uma dúvida ainda em relação ao timing disso. Então pode ser que a gente observe uma parte desse efeito de reconstrução ainda em 2024, mas com risco de se prolongar de acordo com o andamento de todos os programas.”, diz Alessandra.

Sobre as ponderações do governo para tentar minimizar o potencial danoso da tragédia para a economia, inflação e crescimento, Alessandra acredita que “em ambos os casos, a gente deve observar uma amenização desses efeitos, mas, ainda assim, nós avaliamos que aparecerão em 2024. Então, com base em alguns exercícios aqui da Tendências, do ponto de vista do crescimento, nós estamos estimando que o PIB nacional seja afetado em 0,3 p.p., nós projetamos um crescimento de 1,8%.”.

Ela ainda diz que é importante lembrar que “temos toda uma parte de indústria, com produção de itens que abastecem outras plantas ao redor do Brasil, além de toda questão de logística, que também afeta. Então a gente tem esses efeitos em cadeia que podem ser importantes. (…) E, para a inflação, o que nós avaliamos é que, sim, essas medidas, principalmente relacionadas ao arroz, devem amenizar. Mas, ainda assim, nós revisamos essa projeção de 3,5% para 3,9% para alimentação no domicílio. O IPCA todo não deve ser alterado, nós ainda continuamos com 3,8% para o IPCA, porque tínhamos um viés de baixa para outros itens, como passagem aérea. Então os movimentos devem se compensar.”.

Alessandra finaliza dizendo que, apesar das medidas que vão amenizar os impactos da tragédia do Rio Grande do Sul, a gente deve observar efeitos negativos para crescimento e alimentação no domicílio em especial.

Confira a reportagem completa no vídeo abaixo!

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