Ricos devem ganhar mais sob Lula 3; classe C não terá salto – Folha de São Paulo
- Na Mídia
- 15/04/2024
- Tendências
O Brasil deve ver nos próximos anos um maior crescimento da renda real (acima da inflação) das classes A e B que da classe D/E.
O cenário calculado pela consultoria Tendência representa uma inversão ao que aconteceu nos dois primeiros governos do presidente Lula (PT), quando a expansão da classe média, ou C, foi a principal marca deixada pelo presidente.
O que explica: os mais ricos devem ver um ganho expressivo em seus rendimentos com o patamar dos juros por aqui. Apesar de a Selic estar em trajetória de queda, o ritmo dos cortes não deve ir muito além dos 9% ao ano.
Hoje, é possível obter 6% ao ano acima da inflação com aplicações financeiras conservadoras no Brasil.
Na parte de baixo da pirâmide de renda, a Tendências não espera, nos próximos anos, índices de correção generosos para o Bolsa Família ou o salário mínimo devido ao espaço fiscal limitado que o governo Lula 3 dispõe.
É ao contrário do que aconteceu entre 2003 e 2010, quando o governo viu seu Orçamento aumentar graças ao boom de commodities, reformas estruturais e crescimento da economia global.
Entenda: o cálculo da massa de renda considera a soma do rendimento habitual de todos os trabalhos, de transferências do Bolsa Família e benefícios sociais, da Previdência e de outras fontes de renda, como juros e dividendos.
Em números:
- 3,9% ao ano deve ser o aumento da massa de renda real da classe A entre 2024-2028;
- 1,5% ao ano deve ser o crescimento dos rendimentos da classe D/E no mesmo período.
Diferença salarial em estatais
Banco do Brasil, Caixa e Petrobras, as três principais estatais do Brasil, pagam mais para homens do que para mulheres.
Eles recebem mais que elas em 110 das 146 unidades das empresas analisadas no relatório de igualdade salarial das companhias.
Em empresas estatais, diferentemente do setor privado, a entrada é por concurso público e os salários iniciais são iguais para todos. A diferença no rendimento surge a partir da progressão da carreira.
Em que unidades a média salarial é maior para homens nas três estatais:
- 84% da Petrobras;
- 75% do Banco do Brasil;
- 69% da Caixa
Entenda: a lei de igualdade salarial determinou que empresas com mais de 100 funcionários apresentassem um relatório comparando o salário de homens e mulheres até março deste ano.
Companhias questionaram a regra na Justiça, reclamando principalmente da forma errada como os dados foram calculados pelo governo: nos mesmos cargos, homens e mulheres têm salários iguais.
A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, disse à Folha estar mais sensibilizada com o rendimento das mulheres do que com o temor das companhias de dano à reputação.
O que dizem as estatais
A Petrobras afirmou que seu plano de cargos não admite distinções entre homens e mulheres na mesma função e unidade de trabalho.
“A única diferença que pode ocorrer está relacionada aos ganhos com regime de trabalho diferenciado, como por exemplo, quem trabalha embarcado”, afirmou. Há mais homens embarcados, diz a empresa, o que se reflete na média salarial.
O Banco do Brasil diz que segue um plano de cargos e salários com remunerações definidas “com critérios que não possuem qualquer vínculo com questões de gênero, raça ou outro aspecto associado à discriminação ou preconceito”.
A Caixa informou ter referências salariais para cargos que seguem regras de antiguidade e merecimento, sem distinção de gênero.
“As funções gratificadas são remuneradas conforme a responsabilidade e complexidade da atuação em cada posto de trabalho possibilitando o encarreiramento dos empregados em geral”.
Mais sobre desigualdade de gênero no trabalho
- “Nem toda mulher quer assumir riscos como CEO”, diz ex-presidente da Marisa que ficou um mês no cargo.
- Solidão de mulheres diminuiu, afirma pioneira no comando do setor de hotelaria no século passado.
Startup da semana: InstaCarro
O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.
A startup: fundada em 2015, é uma plataforma de venda de carros usados para concessionárias.
Em números: a empresa anunciou ter levantado R$ 55 milhões em um rodada série C (entenda aqui as etapas de investimento em startups).
O investimento envolveu equity (uma fatia da empresa) e financiamento via dívida.
Quem investiu: a rodada foi liderada por Fasanara Capital e fundos de crédito institucionais. Acompanharam o investimento J Ventures, FJ Labs e Rise Capital.
Que problema resolve: a startup promete facilitar a vida de quem deseja vender o carro. Para isso, ela disponibiliza avaliação gratuita do veículo e encaminha a oferta para mais de 4.000 concessionárias no Brasil.
A melhor proposta do “leilão” entre os interessados chega em até 24 horas, e, em caso de acordo, o pagamento é imediato.
Para os lojistas, a InstaCarro oferece financiamento, logística e ajuda com a papelada.
Por que é destaque: com o mercado brasileiro de carros usados entre os principais do mundo, a startup diz operacionalizar mais de 8.000 transações ao mês, com as vendas superando R$ 2 bilhões desde sua criação.
Entre suas concorrentes, há brasileiras como a Webmotors e iCarros e a mexicana Kavak, que chegou ao país em 2021.
Reprodução. Confira o original clicando aqui!