Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, é o convidado da entrevista do dia do Jornal da Gazeta em 03/08/2023, para comentar sobre a retomada dos trabalhos no Congresso brasileiro após o chamado ‘recesso branco”.
CPIs e atos golpistas de janeiro de 2023
Quando questionado sobre as investigações do MST e dos atos golpistas que ocorreram no dia 8 de janeiro de 2023, Cortez acredita que ambas as CPIs são espaços dentro do legislativo que mais guardam contato com o cenário mais polarizado da política brasileira ao longo do governo Bolsonaro.
“Não imagino que esses desdobramentos sejam muito efetivos. Acho que o que a gente olha, em conjunto, é uma tentativa da oposição de pegar essa agenda não-econômica e desgastar o governo.”, afirma Cortez.
Ele acredita que o que tem acontecido é uma falta de coesão entre a presidência da comissão e a relatora e que têm sido trabalhos marcados por muita polêmica e confusão, mas sem muitos depoimentos realmente efetivos. “Então, também, não parece que (…) esses trabalhos vão trazer alguma coisa muito mais forte para acrescentar a essa questão ainda muito importante para a democracia”, conclui Cortez.
Cortez diz que imagina que o grande espaço para o aprofundamento das investigações dos atos golpistas não seja no âmbito parlamentar, mas, sim, no âmbito dos Supremos ou pela Polícia Federal, com evidências (diretas ou indiretas) surgindo conforme as investigações correm que sugerem que os atos de 8 de janeiro não foram algo por acaso, mas, sim, a partir do questionamento do resultado das eleições de 2022.
Afastamentos de bolsonaristas dentro dos partidos no congresso
Citando a possibilidade da punição e perda do mandato da deputada Carla Zambelli por conta das suas atitudes no passado, Cortez acredita que, conforme as investigações dos atos contra a democracia correm, vemos um isolamento até mesmo nos partidos das pessoas que estão envolvidas neles e eram mais próximas ao ex-presidente Bolsonaro.
Expansões da base de apoio do governo
Quando questionado sobre a dificuldade do governo de se aproximar de mais partidos para expandir a sua base de apoio, Cortez acredita que é possível, sim, expandir essa base, principalmente pelo fato de, inicialmente, haver uma pouca representação da centro-direita nos ministérios.
Cortez levanta a possibilidade de ser um segundo semestre com dificuldades importantes para o governo, principalmente na agenda econômica. Por isso ele vê essas movimentações do governo para se aproximar de outros partidos como uma tentativa de ganhar mais força para resolver essas questões.
Com a reforma tributária, a melhoria do cenário econômico, inflação mais baixa, Cortez acredita que é uma ótima forma – até mais efetiva – do que uma opção ministerial para atrair o “centrão” para a base de apoio do governo. “Economia melhor ajuda nessa articulação política”, afirma Cortez.
Cortez diz que o governo pode estar se preparando para as brigas futuras, que vão ser bastante relevantes, sem contar, ainda, com a complexidade da reforma tributária.
Confira a entrevista completa com Rafael Cortez no vídeo abaixo!
