Quais são os Estados mais competitivos do Brasil? Veja o ranking de 2025 – Estadão
- Na Mídia
- 27/08/2025
- Tendências

São Paulo figura no topo, e Estados do Nordeste mostram crescimento; segurança pública e saneamento básico continuam sendo as áreas com maior necessidade de melhoria em todo o País
Pelo 14º ano consecutivo, São Paulo confirma sua liderança como o Estado mais competitivo do Brasil, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados 2025. O desempenho é sustentado por pilares estratégicos como educação e infraestrutura, além de posições de destaque em inovação, sustentabilidade e eficiência da máquina pública.
Os resultados, antecipados ao Estadão, serão apresentados nesta quarta-feira, 27, em Brasília, em evento que reunirá governadores, prefeitos, servidores públicos e especialistas para discutir os avanços e os desafios da gestão estadual no Brasil.
O top cinco do ranking repete a edição anterior: São Paulo na dianteira, seguido por Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Com exceção do Rio de Janeiro, todos os Estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste estão entre os dez mais competitivos.
Apesar da hegemonia de mais de uma década, a distância para o segundo colocado, Santa Catarina, vem diminuindo ao longo dos anos. Em 2021, a diferença de nota entre os dois Estados era de 4,2 pontos; nesta edição, caiu para 1,3 ponto.
Elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria e a Seall, o ranking avalia 100 indicadores distribuídos em dez pilares temáticos, considerados fundamentais para a competitividade e a melhoria da gestão pública. Nesta edição, foi incluído o indicador de feminicídio — que mede o total de vítimas por cem mil mulheres.
Segundo Tadeu Barros, diretor-presidente do CLP, além de orientar a tomada de decisão para a formulação de políticas públicas, o ranking auxilia no monitoramento da efetividade das atuais políticas e permite que a população cobre resultados e prioridades de seus governantes.
Barros explica que um dos principais pontos de preocupação é o recuo na pontuação dos indicadores de segurança pública. A nota média bruta de todos os Estados nesse pilar vem caindo nos últimos três anos — o que reforça a necessidade de maiores investimentos na área em nível nacional.
Outro ponto de atenção é o saneamento básico, que apresentou melhora na nota geral, mas levanta incertezas sobre o cumprimento das metas de universalização do marco legal, que prevê até dezembro de 2033 a universalização dos serviços de água e esgoto. “Vemos investimentos e uma pequena melhora nos indicadores, mas é preciso avançar no ritmo das políticas nessa agenda”, explica Barros.
Os mais competitivos
São Paulo se mantém à frente nos pilares de educação e infraestrutura, além de conquistar a segunda colocação em eficiência da máquina pública e a terceira posição em sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental e inovação.
Na educação, destaca-se nos indicadores do Enem, índice de oportunidade da educação e taxa de atendimento do ensino infantil. Em infraestrutura, lidera nos indicadores de acessibilidade do serviço de telecomunicações, custo dos combustíveis, disponibilidade de voos diretos e qualidade das rodovias.
No pilar de solidez fiscal, o Estado enfrenta dificuldades e ocupa a 13ª posição, uma acima de sua melhor marca desde o início do ranking. Nesta edição, recuou nos indicadores de gasto com pessoal, poupança corrente e taxa de investimento, e permanece entre as últimas posições no indicador de solvência fiscal, que mede a capacidade de pagar dívidas sem comprometer o equilíbrio orçamentário.
Santa Catarina é líder nos pilares de segurança pública e capital humano, enquanto o Rio Grande do Sul sobressai em inovação e eficiência da máquina pública.
Já o Distrito Federal obteve a maior nota em sustentabilidade social e ambiental. Roraima e Espírito Santo lideram nos pilares de potencial de mercado e solidez fiscal, respectivamente.
Nordeste em crescimento
Destaque nesta edição, o Rio Grande do Norte avançou oito posições, passando da 24ª para a 16ª colocação. O Estado melhorou seu desempenho em sustentabilidade ambiental, eficiência da máquina pública e segurança pública — pilar de maior peso na pontuação do estudo. Desde 2016, saltou do 23º lugar para o quarto neste indicador.
Sergipe também evoluiu seis posições, após avanços em solidez fiscal, infraestrutura, inovação e segurança pública.
“Esses dois Estados do Nordeste se destacam porque conseguiram melhorar seus indicadores de segurança pública, em contraponto à queda da média nacional nesse pilar, que nesta edição se mostrou como a grande deficiência do País”, afirma Barros.
A Paraíba, Estado mais bem posicionado do Nordeste, subiu uma colocação em relação ao ano passado e alcançou o 11º lugar. O avanço foi impulsionado pelo desempenho em inovação, com destaque para o indicador de investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento, no qual ocupa a vice-liderança nacional.
Segundo Gilmar Martins, secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão da Paraíba, o governo destinou até o último ano cerca de R$ 481 milhões para pesquisa, bolsas de estudo, desenvolvimento de startups e projetos estratégicos, entre eles a construção do Radiotelescópio Bingo — o maior da América Latina, realizado em parceria com países como China, Reino Unido, França, África do Sul, Alemanha e Estados Unidos.
Entre as iniciativas, Martins destaca, também, o programa de qualificação tecnológica em parceria com a Huawei, que deve formar mais de 30 mil profissionais para o setor de tecnologia da informação, além das ações de incubação de startups voltadas à economia da longevidade e à transição energética.
“Tais ações reforçam o dinamismo empresarial e a capacidade empreendedora da Paraíba, alinhando inovação à geração de oportunidades”, afirma.
Desigualdade regional
Na outra ponta, os Estados da Região Norte foram os que mais caíram: o Amazonas passou da 11ª para a 17ª posição; o Pará, da 21ª para a 25ª; e o Tocantins, da 15ª para a 18ª. Quatro dos sete Estados da região estão nas últimas posições do ranking.
Mesmo com destaque em indicadores como potencial de mercado e solidez fiscal — em que Roraima e Tocantins figuram entre os mais bem avaliados —, a desigualdade regional e a dificuldade de avanços estruturais ainda chamam atenção.
Além disso, mais da metade dos Estados do Norte registrou recuo no pilar de sustentabilidade ambiental, um aspecto crucial para a área devido à sua enorme diversidade natural e à importância de manter essa riqueza protegida em tempos de emergência climática.
“Há questões históricas, mas vemos um esforço dos governadores para manter a solidez das contas públicas e criar políticas capazes de competir com Estados mais atrativos para investimentos. Infraestrutura e saneamento básico são agendas que demandam atenção nessa região”, reforça Barros.
Tarifaço
Embora o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ainda não se reflita nos resultados atuais, Barros pontua que essas medidas podem servir como incentivo para os Estados, especialmente na busca por ampliar a diversificação de parceiros comerciais e aprimorar suas políticas de apoio às empresas.
Segundo ele, há um aumento expressivo nas missões internacionais, com governos estaduais em busca de parcerias não apenas no comércio exterior, mas também em áreas como tecnologia, educação, boas práticas fiscais e eficiência da máquina pública. “Como os governadores têm voltado seus esforços para outros mercados, o impacto do tarifaço na próxima edição do ranking pode ser mínimo”.
Reprodução. Confira o original clicando aqui!