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Pesquisa sobre o papel dos bancos nas crises financeiras leva o Nobel de Economia em 2022

Recentemente a Academia Real de Ciências da Suécia premiou com o prêmio Nobel de Economia o estudo de Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig, que teve papel decisivo auxiliando na compreensão do mercado bancário e do papel dos bancos no funcionamento da economia e, em especial, durante as crises financeiras.

Por que esse tema é relevante?

O desempenho da economia mundial nos últimos 30 anos foi estremecido por crises financeiras gravíssimas – notadamente a crise dos tigres asiáticos, em 1998, e a crise da Lehman-Brothers, em 2008 –, que geraram recessões e levaram milhões de pessoas pelo globo a perderem seus empregos.

O estudo deste trio permitiu a compreensão do perverso mecanismo de propagação de uma crise bancária sobre a economia real ao investigar a função essencial dos bancos de transformar recursos líquidos (passivos bancários como poupanças e depósitos à vista) em recursos ilíquidos (ativos bancários como empréstimos com maturidades pré-definidas). 

Dada a natureza das operações bancárias, em que há incompatibilidade entre as maturidades de ativos e passivos bancários, choques de confiança derivados, por exemplo, da quebra de um grande banco podem levar a uma corrida bancária que, pelo efeito de manada, se espalharia por todo o mercado bancário.

O estudo empreendido pelos recipientes do prêmio revela que há, nestas crises, um componente de “profecia autorrealizável” à medida que, em um ambiente de expectativas negativas, mesmo bancos financeiramente sadios podem colapsar. Como resultado, a economia real é lançada em recessão profunda, uma vez que empresas e pessoas perdem acesso a crédito e a ativos líquidos.

Tais insights permitiram o desenvolvimento de normas bancárias que limitassem o impacto destas crises de confiança, como o aprimoramento da regulação bancária prudencial em vários países do mundo, inclusive no Brasil.

O que está por vir

As lições derivadas desta agenda permanecem relevantes para a compreensão de um mercado de intermediação financeira cada vez mais dinâmico, com a entrada das fintechs e a consolidação de novos players no cenário nacional. Por isso, faz-se fundamental acompanhar com atenção tais movimentos e o posicionamento das principais autoridades bancárias e concorrenciais no mundo, à luz da experiência brasileira e internacional e da pesquisa econômica sólida produzida recentemente por autores como Bernanke, Diamond e Dybvig.

Por: Adriana Perez e Gabriel Madeira