O papel do Centrão na política brasileira – TV Cultura

O papel do Centrão na política brasileira - TV Cultura

Em entrevista ao programa Câmara Viva, da TV Cultura, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências, explica as origens e a atuação do bloco denominado ‘Centrão’, tão presente no vocabulário político brasileiro.

Os conceitos de direita e esquerda surgiram durante a Revolução Francesa, 1789. Na assembleia que decidia qual poder o rei deveria ter, sentados à direita estavam os considerados mais conservadores e, à esquerda, os mais revolucionários.

Dentro da política moderna, os partidos e, consequentemente, os representantes que elegemos, praticam estes ideias quando se colocam contra ou a favor de determinados assuntos, como, por exemplo, o aborto, o uso de armas, a reforma agrária, os deveres e o tamanho do Estado. No espectro político existem, também, outras posições, que vão da direita mais radical, passando pelo centro e chegando à extrema esquerda.

O que é o centrão?

Muda governo, acaba mandato e ele está sempre lá: o centrão é capaz de aprovar ou derrubar projetos de leis e de garantir a governabilidade do Presidente da República, de um governador e de um prefeito. Mas o que é o centrão, quem compõe esse bloco partidário e por que ele tem tanta força política?

“Uma figura quase que mística e da política nacional, todo mundo fala do centrão e eu diria que a principal característica desse grupo de partidos e dos parlamentares filiados a essa legenda é uma capacidade de adaptação política muito importante no tocante a apoio a governos. Então é essa mobilidade política e ideológica que é a marca desse grupo de partidos que têm um papel fundamental, por exemplo, na governabilidade e em outras questões na política nacional.”, explica Rafael Cortez.

Cortez diz que a política brasileira tem uma característica marcante, que é o fato de existirem vários partidos. Então, sempre que o governante, seja ele no nível nacional ou municipal, dificilmente consegue formar maioria só com o seu partido.

Então, ele precisa recorrer a outras legendas para encontrar maioria, aprovar projetos de lei e colocar em prática o seu programa de governo. Daí a necessidade de recorrer às legendas presentes no centrão. Como elas não têm uma questão ideológica muito clara, apoiam governos de esquerda e de direita, podendo aprovar tanto reformas mais liberais quanto políticas sociais.

Como surgiu o centrão?

Nas palavras de Cortez, “o centrão é um termo que está ligado à conjuntura da formação da Constituição de 88. O Brasil inaugurava o seu período democrático naquele momento, desenhava uma Constituição e ela foi feita de baixo para cima,ou seja (…), cada tema – agricultura, meio ambiente, economia – tinha um conjunto de parlamentares dedicados a escrever esse capítulo da Constituição, mas não havia um texto único.”.

Cortez diz ainda, que, no momento que foi-se juntando cada pedacinho da Constituição, surgiu a percepção de que era um texto que estava mais à esquerda, com características de um programa de esquerda que não condizia com a maioria legislativa. O termo “centrão” vem dessa formação de um bloco político para tentar tirar essa característica da Constituição de 88.

Por que o centrão ganhou tanto poder e espaço nos últimos anos?

Cortez explica que uma das características mais recentes na política nacional foi o desmanche daquele conjunto de partidos que a gente mais ou menos identificava como os principais atores, seja no plano nacional ou no plano local.

Então, o Brasil está em uma política de transição, o que fez com que os partidos se multiplicassem, criassem uma série de legendas e, consequentemente, dificuldade de governar. Por isso, quando você tem partidos com essa disposição de uma hora votar uma questão de esquerda, outra de direita, o centrão acaba influenciando e sendo muito importante para o jogo.

“O centrão virou tão forte porque a gente ainda está buscando aquele sistema que é um sistema como se fosse PT versus PSDB, claramente os dois pólos, uma dualidade mais organizada. Hoje é um sistema muito em transição, então o centrão tem uma importância grande.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!

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