O Banco Central interveio no câmbio, injetando US$ 1,6 bilhão para conter a valorização do dólar – Jornal da Cultura
- Na Mídia
- 19/12/2024
- Tendências
Silvio Campos Neto, Economista da Tendências Consultoria, fala para a Tv Cultura sobre tentativa de conter a valorização do dólar. O Banco Central realizou a maior intervenção no mercado cambial desde 2020, injetando mais de US$1,6 bilhão em dólares à vista.
O Banco Central fez a maior intervenção no dólar desde 2020, mas foi em vão. A moeda americana encerrou o dia com o novo recorde nominal de fechamento. Para tentar acalmar o mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Lula pediu para o Congresso não desidratar o pacote fiscal do governo para conter a escalada dos gastos públicos.
Foi um tratamento de choque. O dólar comercial se aproximou de quase R$ 6,10 quando o Banco Central, de surpresa, anunciou um leilão à vista, injetando mais de 1 bilhão e 600 milhões da moeda norte-americana no mercado. Imediatamente, as cotações cederam, mas, ainda assim, o comercial encerrou o dia com o maior valor nominal de fechamento. Foi a maior intervenção no câmbio desde 2020, em plena crise da pandemia da Covid-19.
Na sexta-feira, o Banco Central já havia anunciado outro leilão de 3 bilhões de dólares – mas de linha, quando há compromisso de recompra dos dólares vendidos – para março do ano que vem. No total, a oferta foi de quase US$ 5 bilhões. Ainda na sexta, o Banco Central vendeu US$ 845 milhões no mercado à vista. Até então, ele só havia feito uma intervenção nessa modalidade no dia 30 de agosto.
Tradicionalmente, o dólar comercial sobe no fim do ano. É a época em que as multinacionais instaladas no Brasil enviam os dividendos para as suas matrizes no exterior e, para isso, compram a moeda americana.
Mas agora há um ingrediente a mais de pressão: a desconfiança em relação ao pacote de gastos feito para evitar um aumento da dívida pública e a falta de apoio do governo no Congresso para aprovar essas medidas.
Em São Paulo, o ministro da Fazenda disse que o presidente Lula está empenhado em convencer o Congresso a aprovar o pacote fiscal.
No boletim semanal divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, os analistas aumentaram a estimativa de crescimento da economia este ano. Também elevaram as projeções de inflação para este ano e também para 2025. Nos dois casos, elas estão acima do teto da meta do governo, que é de 4,5%. Para tentar trazer a taxa do ano que vem para a meta, na semana passada, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Além disso, os diretores do Banco Central sinalizaram com mais dois aumentos da mesma magnitude para o ano que vem, numa espécie de blindagem do futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, de pressões políticas para redução dos juros.
“O Banco Central usualmente atua quando há uma percepção de escassez de dólares, de saída de recursos da economia, alguma coisa mais pontual que leve ao que se chama de uma disfuncionalidade do mercado. E não é o que a gente tem visto. Há, na verdade, uma repressão dos ativos brasileiros para um cenário mais negativo, mais pessimista, com questionamento em cima dos fundamentos. E é por isso que o Banco Central, fazendo suas atuações que agora retomou nos últimos dias, pontualmente até pode mexer com o mercado, mas, como ficou claro na sessão de hoje, quando ele fez um leilão à vista, vendeu 1 bilhão e 600 milhões de dólares, os efeitos acabam se dissipando em questão de poucas horas.”, explica Campos Neto.
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