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O ano foi de boas surpresas para a economia do Brasil – Jornal da Cultura

2023 foi um ano de boas surpresas para a economia brasileira. O crescimento econômico, ainda que inferior ao potencial do país, deve fechar o ano melhor do que se imaginava. A inflação manteve o ritmo de desaceleração, ainda que os preços permaneceram altos.

O mercado de trabalho também melhorou. E o mais esperado e cobrado pelo Presidente Lula, pela base aliada do governo, o juros começou a cair. As maiores dores de cabeça desta vez vieram do exterior.

Os bons ventos sopraram do campo já nos primeiros três meses do ano. Embalada por uma safra recorde e pelo aumento do abate de gado, a agropecuária pegou analistas de surpresa, disparando no primeiro trimestre e cravando o melhor resultado desde o fim de 1996.

E, como uma mão lava a outra, o escoamento da safra deu um empurrão no transporte, um dos segmentos do setor de serviços. Resultado: o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu acima do esperado, quase 2% no primeiro trimestre.

O desempenho da economia nos três meses seguintes foi menor, porém os especialistas também apostavam em um número mais raquítico. A desaceleração se manteve de julho a setembro, contrariando a estimativa de ligeiro recuo nas contas do mercado, mas a expansão em torno dos 3% já estava garantida, como projeta o FMI (Fundo Monetário Internacional).

“Havia uma perspectiva no início do ano e, ao longo do ano, essa expectativa foi sendo ajustada para cima e, mais uma vez, vemos isso acontecer. Então é um sinal que há, também, alguns fatores que têm proporcionado uma melhora de desempenho ao longo dos últimos anos. Eventualmente, toda uma agenda de ajustes e reformas, que foram tocadas ao longo de um período de alguns anos para cá, pode estar por trás ou ser uma das razões dessa melhora estrutural.”, aponta Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências.

Do lado do consumo, o governo conseguiu turbinar o Bolsa Família para R$ 600, com adicionais para famílias com crianças, gestantes e lactantes. Lançou um programa de renovação da frota, com descontos para carros, caminhões e ônibus novos.

Outra promessa de campanha do Presidente Lula que saiu do papel foi o Desenrola Brasil, programa com objetivo de dar um alívio a 32 milhões de brasileiros enrolados com dívidas e inadimplência. 

No campo das reformas estruturais, o governo conseguiu emplacar o novo arcabouço fiscal, um conjunto de regras para tentar colocar alguma ordem no buraco das contas públicas. Até a Reforma Tributária, com pleito de décadas no Brasil, tão falada e propalada, caminhou no Congresso.

Tudo isso contribuiu para o Banco Central dar um ponto final no maior aperto monetário

 desde o início do regime de metas de inflação, com cortes sucessivos de meio ponto na taxa básica de juros a partir de agosto. Isso abriu caminho para a aproximação entre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e Lula, que havia aberto a metralhadora verbal contra o comandante da autoridade monetária por conta dos juros altos.

Pela primeira vez na história, o número de brasileiros empregados ultrapassou o recorde de 100 milhões. A inflação também trouxe boas notícias, embora ainda ameaçando superar o teto da meta, que é de 4,75%, pelo terceiro ano seguido.

Mas uma boa surpresa: alimentos e bebidas, o grupo que mais pesa no orçamento familiar, tiveram deflação por quatro meses seguidos, apesar de que muitos preços ainda se mantiveram altos.


De fora, os ventos não foram bons. A inflação mundial obrigou os bancos centrais do planeta a elevar juros para conter a escalada inflacionária, bombada pelos efeitos da pandemia da Covid e pela guerra da Rússia com a Ucrânia.

A crise imobiliária sem precedentes abalou as estruturas da China e o gigante asiático fez balançar a economia do planeta, já abalada pelo colapso dos bancos regionais americanos e do Credit Suisse.

O ataque do Hamas a Israel e a resposta militar israelente à Faixa de Gaza mostraram que a onda de choques planetários pode não ter acabado. 

Confira a reportagem completa no vídeo abaixo!