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Mercado já projeta inflação dentro da meta neste ano; governo comemora – UOL

A redução de 14 centavos no preço da gasolina anunciada ontem pela Petrobras e a queda na expectativa de inflação para 2025, 26 e 27 no Boletim Focus (pesquisa de mercado do Banco Central) desencadeou uma onda positiva entre economistas e investidores.

Sócio e economista-sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto admite que aumenta a possibilidade da inflação terminar o ano no teto da meta de 4,5%.

“Nós estamos com 4,8% (de projeção) para este ano, mas devemos revisar um pouco para baixo. Assim, aumentam as chances de ficar no limite da meta, ainda que não se possa afirmar com muita clareza”, pondera. O centro da meta para 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5pp.

O economista acrescenta que, para o Banco Central, não muda o cenário: “Para o Copom, o foco está em 2026 e 2027, cuja melhoria ainda depende de um maior esfriamento da atividade e do mercado de trabalho. Esperamos início da queda de juros em janeiro, com risco de ficar para março. Os juros devem cair até 12,5% no ano que vem (hoje Selic está em 15%)”, arremata.

Alexandre Maluf, economista da XP, vê o IPCA abaixo de 4,5% em breve. “Estamos oficialmente com projeção de 4,7%, mas na nossa planilha já temos 4,57%. Vamos esperar o IPCA-15 de outubro (que sai na sexta) para atualizar”, diz.

Maluf afirma que o tarifaço fez um ‘favor’ no sentido da desinflação para o mundo. Os bens duráveis e semiduráveis que importamos estão mais baratos. A China continua com produção e exportação fortes em um contexto de preços baixos. O preço internacional do petróleo está na mínima desde 2021, na pandemia. Tudo isso ajuda no cenário de desinflação global”, afirma.

Maluf explica que o principal risco de alta para a inflação vem dos serviços – que estão rodando acima do teto da meta, em 6,8% em 12 meses – e dos estímulos fiscais dos governos federal e estaduais em ano eleitoral.

“Já temos um mercado de trabalho robusto. Quando aumentam os gastos sobre uma base com ociosidade baixa, isso se reverte em inflação”, diz. Já os fatores que contribuem para a queda da inflação são os alimentos, ajudados pela supersafra e a redução dos preços das commodities, e o dólar. “Para 2026, a previsão é de safra grande e clima favorável, com normalização do preço do café”, comenta.

Para se ter uma ideia, a inflação de alimentos no domicílio acumula alta de 1,7% de janeiro a setembro de 2025. No mesmo período do ano passado, era o dobro: 3,8%, segundo o IBGE.

No ministério da Fazenda, o tom é de otimismo. “Acho que termina o ano dentro da meta”, afirma um assessor próximo a Fernando Haddad. “É uma notícia sem dúvida positiva para o governo. E cria as condições para sair dessa taxa de juros elevada”.

Essa última parte ainda não fez preço no mercado. As expectativas apontam para o primeiro corte da Selic apenas em março de 2026. Mas, sem dúvida, cumprir a meta dá bom discurso para Lula.

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