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Livros homenageiam Eduardo Guardia e outros 15 ministros da Fazenda da Nova República – Folha de S. Paulo

Luta contra inflação, crises no balanço de pagamentos e busca do equilíbrio fiscal marcam obras que analisam pensamento dos chefes da equipe econômica

SÃO PAULO | Dois livros lançados recentemente se juntam à vasta literatura sobre a história dos ministros da Fazenda do Brasil.

O mais recente, “Estado, Economia, Desafios Fiscais e Reformas Estruturais no Brasil — Textos em homenagem a Eduardo Guardia”, reúne 22 artigos sobre o legado do economista que ocupou a cadeira no último ano do governo Michel Temer. O lançamento da obra marcou os três anos da morte de Guardia, aos 56 anos, após um tratamento contra um câncer.

Entre os autores, estão Edmar Bacha, Elena Landau e Arminio Fraga, os colunistas da Folha Marcos Lisboa e Marcos Mendes e os ex-ministros da Fazenda Maílson da Nóbrega e Pedro Malan. Este último é um dos organizadores do livro, ao lado da economista Ana Carla Abrão, CEO da Governança do Open Finance, e de Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil e também colunista da Folha.

Os artigos tratam, por exemplo, de episódios como a renegociação da dívida dos estados, os acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e as crises econômicas no governo FHC; a primeira PPP (Parceria Público-Privada) do país —a linha 4 do metrô paulista; a greve dos caminhoneiros e as reformas (como o teto de gastos) no governo Temer, quando foi secretário-executivo e ministro, de 2016 a 2018.

Bacha, Gustavo Franco e Persio Arida, três dos muitos “pais do Plano Real”, escrevem sobre a contribuição do economista para a parte fiscal do plano econômico, por meio da dissertação de mestrado “Orçamento público e política fiscal (1992)”, que trata dos efeitos da inflação sobre o valor real das despesas públicas, o que chamam de “efeito Guardia”.

O livro também inclui a transcrição de duas entrevistas (ao programa Roda Viva e ao Podcast da Casa das Garças) e uma breve biografia sobre o paulistano que também foi secretário de Fazenda do Estado de São Paulo na gestão Geraldo Alckmin (PSB) e secretário do Tesouro Nacional de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Homens da Moeda

Os chefes da equipe econômica também são o tema de “Os Homens da Moeda: O que Pensavam os Ministros da Fazenda da Nova República (1985-2018)”, organizado por Ivan Colangelo Salomão, professor do Departamento de Economia da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo) e escrito com as contribuições de outros 19 pesquisadores.

O livro analisa as decisões, os planos econômicos e o pensamento de 15 ministros da Fazenda nesse período, incluindo a única mulher a ocupar o cargo, a ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello.

“Os Homens da Moeda” vai de Francisco Dornelles a Henrique Meirelles, justamente o ocupante do cargo que antecedeu Eduardo Guardia —que foi seguido por Paulo Guedes e o atual ministro, Fernando Haddad.

Esse é o segundo volume da trilogia que começou com “Os Homens do Cofre – O que Pensavam os Ministros da Fazenda do Brasil Republicano”, livro de 2021 que discorre sobre o pensamento de 17 ministros que comandaram a economia da Proclamação da República (1889) até o fim da ditadura militar (1985), de Rui Barbosa a Ernane Galvêas. Um terceiro volume deve tratar dos ministros do Império (1822-1889).

O contraste entre as duas obras é algo que chama a atenção e mostra o quanto o país e a política econômica evoluíram nestes quase 130 anos.

No prefácio da obra, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira afirma que os problemas da dívida externa e da inflação foram superados, mas que a agenda do crescimento e do desenvolvimento foi abandonada.

Na introdução do livro, o organizador afirma que a eleição de 2018 pode ter encerrado o arranjo político que gerou a Nova República, inaugurando “um novo e ainda desconhecido capítulo da história brasileira”.

A luta de quase uma década para alcançar a estabilização da moeda e vencer a hiperinflação gestada na ditadura, a superação das crises no balanço de pagamentos recorrentes desde o século anterior e a busca do equilíbrio fiscal ainda não alcançada são alguns dos momentos que marcam tanto “Os Homens do Cofre” como o livro em homenagem a Guardia.

Reprodução. Confira o original clicando aqui!