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IPCA-15: prévia eleva projeções de inflação para o fim de 2024 -Estadão

Após o avanço do IPCA-15 para 0,62% em novembro, economistas consultados pelo ‘Estadão/Broadcast’ preveem IPCA mais além do teto da meta para o ano

O resultado acima do esperado do IPCA-15 deve pressionar ainda mais as estimativas para a inflação ao final deste ano, avaliam economistas consultados pelo Estadão/Broadcast. O índice avançou de 0,54% em outubro para 0,62% em novembro, resultado muito acima da mediana das expectativas do mercado (0,49%). No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 avançou de 4,35% para 4,77%.

Havia, por outro lado, expectativa de que o chamado “bônus de Itaipu” — um saldo de R$ 1,3 bilhão da conta de comercialização da energia produzida pela hidrelétrica referente aos anos de 2020, 2021 e 2023 — pudesse ser destinado para gerar alívio nas contas de energia ainda este ano, o que, consequentemente, também poderia puxar o IPCA do ano para baixo. Mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, na manhã desta terça-feira, 26, que esse bônus será usado apenas em janeiro de 2025.

Em um cenário com bônus de Itaipu ainda este ano, a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, calcula que o IPCA de dezembro seria de queda de 0,01%, levando a inflação a encerrar o ano em 4,25%. Com a confirmação do bônus de Itaipu apenas para janeiro, a projeção da Warren para o IPCA de dezembro passou a ser de alta de 0,61% e de 4,9% para o ano.

Assim, o cenário deve manter o Banco Central em alerta sobre o nível da inflação corrente, em um momento em que as expectativas futuras seguem desancoradas, mesmo com o ciclo de alta dos juros já em curso. O BC se reúne nos dias 10 e 11 de dezembro para decidir o novo nível da Selic, e o IPCA-15 desta terça será o dado mais recente de inflação ao consumidor para análise dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom).

Após o IPCA-15, o banco Barclays elevou de 4,6% para 4,8% sua estimativa para o IPCA de 2024. Em relatório, o economista-chefe para Brasil do banco, Roberto Secemski, cita que há expectativa de que os preços dos alimentos sigam pressionados, em linha com o que vem sendo observado nos índices de preço no atacado. Além disso, complementa, o IPCA-15 registrou surpresas para cima, com passagens aéreas, seguro de automóvel e pacotes de viagem — variações que devem se repetir no IPCA fechado do mês e, consequentemente, corroboram a revisão de alta na inflação do ano.

Secemski chama atenção ainda para o nível anualizado da inflação de serviços, que passou de 4,37% para 4,45% nesta leitura. “Esse grupo continua exigindo atenção, conforme frequentemente destacado pelo BC em suas comunicações”, afirma.

Desafio para o Banco Central

Na Tendências Consultoria, o economista Matheus Ferreira adicionou viés de alta à projeção de 4,7% para o IPCA de 2024. Ele calcula que, de outubro para novembro, houve alívio nos serviços subjacentes (0,59% para 0,45%), mas que, no acumulado em 12 meses, o nível segue alto.

“Mesmo com essa desaceleração, ainda estamos em níveis incompatíveis com a meta na inflação. Mantém o desafio para o BC”, disse.

Para o Itaú Unibanco, a leitura do IPCA-15 mostrou que a inflação, inclusive as métricas qualitativas, seguem piorando. Em relatório, a economista do banco Luciana Rabelo reconhece que as principais surpresas do IPCA-15 partiram de itens voláteis, como passagem aérea e pacote turístico. Ela reforça, porém, que os serviços subjacentes aceleraram mais uma vez (5,1% para 5,7%), pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada.

Já o economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, considera que a leitura de hoje deve, inclusive, aumentar as chances de uma aceleração no ritmo de aperto monetário do BC, com uma alta de 0,75 ponto porcentual no juro em dezembro.

Ele calcula que, no caso dos serviços subjacentes, houve aceleração de 4,8% para 5,25% entre outubro e novembro, também pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada. “Isso obviamente torna o trabalho do Banco Central mais complicado”, avaliou. A XP projeta IPCA de 4,9% em 2024 e mantém, por ora, cenário-base com alta de 0,50 ponto no juro básico mês que vem.

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