Tendências Consultoria Econômica

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Apoio econômico reduz risco na decisão de investimento por Venture Capital e Private Equity

Por Lucas Assis*

A melhora das perspectivas para a economia brasileira, refletida na queda da taxa básica de juros, reaqueceu o apetite pelo capital de risco no País. Todavia, a despeito do cenário promissor, os aprendizados provenientes do chamado “inverno das startups”, marcado por demissões em massa e redução dos aportes após o boom em 2021, corroboram a ideia/a noção de que o empreendedorismo ganha ao adotar evidências empíricas e científicas para apoiar o processo decisório. Nesse sentido, pode ser de grande valia o apoio de assessoramento econômico visando tanto mapear as principais características do mercado e dos clientes do negócio, quanto elaborar cenários e projeções no curto, médio e longo prazos, para diferentes aberturas.

A decisão de investimento em uma empresa, seja em fase de ideação, validação, escala ou maturação, abrange diferentes fatores, desde os associados ao time, produto e customer success, até as finanças, governança, fundraising e, aqui destacado, o mercado de atuação. Para além das dores a se solucionar, a proposta de valor do empreendimento deve elucidar qual é o tamanho do mercado e quem são os clientes, a fim de que os investidores avaliem se o beachhead market (mercado de ataque) apresenta potencial de crescimento, barreiras de entrada, entre outros elementos. Para a mensuração do tamanho, recomenda-se estimar métricas PAM-TAM-SAM-SOM (isto é, mercados potencial, endereçável, disponível e realista, respectivamente). Por sua vez, para a definição do perfil dos clientes, sugere-se avaliar, em negócios Business to Business, aspectos demográficos e operacionais, abordagens de compra, fatores situacionais e características pessoais dos clientes; e, em Business to Consumer, os perfis demográfico, epidemiológico, psicográfico, comportamental e geográfico.

Para as empresas do tipo B2B, ao combinarem-se pesquisas amostrais do IBGE e dados do Ministério do Trabalho e Emprego, é possível construir, para cada um dos mais de mil e trezentos setores da “Classificação Nacional das Atividades Econômicas”, critérios de tamanho de mercado, critérios de resiliência às crises e critérios de verticalidade e concentração.

Já para negócios B2C, por meio de microdados de pesquisas amostrais do IBGE, é possível mapear diferentes tipos de despesas monetárias e não monetárias da população. Para além das despesas correntes com impostos, contribuições trabalhistas, serviços bancários, previdência privada, pensões, mesadas e doações, são identificadas despesas correntes de consumo de mais de treze mil diferentes produtos de alimentação, habitação, vestuário, transporte, higiene e cuidados pessoais, assistência à saúde, educação, recreação e cultura, fumo, serviços pessoais e despesas diversas, com visões por grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas e municípios.

Com o dimensionamento em mãos, é possível projetar o número de clientes nos próximos 10 anos para vários cenários econômicos, a fim de apoiar a análise de risco de falência e de falta de mercado ao longo do período do investimento. Na Tendências Consultoria, trabalhamos com os cenários básico (65% de probabilidade de ocorrência), pessimista (25%) e otimista (10%). Em segmentos não-maduros, é possível recorrer a metodologias para estudar o processo de difusão do uso de uma nova tecnologia e como os tipos de consumidores determinam a demanda.

Já em segmentos maduros, é possível apoiar-se na construção de relações robustas entre os condicionantes e o número de clientes. As variáveis explicativas, de natureza econômica, demográfica, climática etc., são definidas com base em hipóteses teóricas e no conhecimento da literatura quanto à causalidade. O método de projeção alicerça-se nos cenários macroeconômicos da Tendências, construídos com base em modelos econométricos, responsáveis pela estimativa das variáveis endógenas, e em avaliações qualitativas, capazes de auxiliar na construção das hipóteses econômicas e políticas das variáveis exógenas. Além da bibliografia econômica, as análises qualitativas são calcadas nas discussões periódicas entre o corpo técnico da consultoria e convidados externos.

Contudo, projeções macroeconômicas não são suficientes para reduzir o risco na decisão de investimento por venture capital e private equity. As perspectivas para as classes de rendimento e unidades geográficas do País devem ser invariavelmente consideradas pelos investidores, tendo em vista a distribuição desigual dos grupos sociais e das atividades econômicas pelo Território Nacional. A diferenciação social e econômica dos cenários envolve estratégias metodológicas complexas, nas quais são derivadas estimativas sob a ótica top-down e bottom-up, incorporando, por exemplo, investimentos privados e públicos previstos e em maturação em cada unidade geográfica. Em termos metodológicos, a projeção do número de clientes do negócio é ancorada em cenários desenvolvidos previamente pela Tendências para todo o universo nacional, de modo a evitar o risco de se obter projeções enviesadas.

As soluções apresentadas por nossa consultoria configuram-se, portanto, como peças-chave à redução das incertezas envolvidas na decisão do investimento de venture capital e private equity. O mapeamento das principais características do mercado e dos clientes do negócio, associado às projeções desagregadas no curto, médio e longo prazos para diferentes aberturas, alicerçam o empreendedorismo baseado em evidências.

*Lucas Assis é graduado em Economia e mestrando em Empreendedorismo pela FEA-USP. Na Tendências, atua na área de Macroeconomia e Análise Setorial.