Ex-presidente do Banco Central afirma que o crescimento econômico depende do fortalecimento das normas que regem o mercado financeiro.

O ex-presidente do BC (Banco Central) e sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, afirmou que a margem para interpretações das autoridades financeiras provocada pela edição da portaria 163 de 2016 representa uma fraqueza para o desenvolvimento pleno do mercado de capitais no Brasil.

Segundo o economista, a medida determina que a cada alteração na taxa básica de juros, a Selic, o prazo para retirada de investimentos de longo prazo é repactuado e a alíquota para retirada do investimento é retroativa para a cota mais alta. Loyola participou nesta 4ª feira (6.dez.2023) do seminário “Oportunidades para democratizar o acesso a fundos de investimentos”, realizado pelo Poder360 com apoio da Investo.

Dessa forma, das 3 alíquotas estabelecidas para retirada os investimentos de fundos de renda fixa do tesouro nacional–de 25% para retirada a curto prazo, 20% para médio e 15% para longos– que em tese deixaria as aplicações de longo prazo mais atrativas, afastam os investidores, pois a repactuação pode retomar uma taxa maior.

“Há uma interpretação de que esse prazo deveria ser diário, a cada momento que a taxa Selic muda, a meu ver, não há sentido nisso porque, no fundo, o que interessa é o prazo do título do emissor”, disse Loyola.

Na avaliação de Loyola, esse é um dos problemas que o país precisa atacar para fortalecer o mercado de capitais brasileiro. O economista afirmou que o Brasil conseguiu manter um espírito de reformas microeconômicas nos últimos anos, apesar das mudanças de governo, mas que ainda é preciso realizar um trabalho sério de harmonização regulatória.

Isso porque, para Loyola, um mercado de capitais robusto é um componente essencial para o crescimento econômico de um país.

“O crescimento econômico, ele depende do desenvolvimento do mercado de capitais, do mercado financeiro. A ideia de transferência de poupança entre os agentes econômicos é fundamental no crescimento econômico”, afirmou.

O EVENTO

O seminário “Oportunidades para democratizar o acesso a fundos de investimento” foi realizado na manhã desta 4ª feira (6.dez.2023), em Brasília (DF). Especialistas discutiram os desafios enfrentados pela população no acesso ao mercado financeiro e a importância de avanços regulatórios e tributários no Brasil. O evento foi transmitido, ao vivo, pelo canal do Poder360 no YouTube.

Participaram do evento o superintendente Filipe de Deus, da B3, e o coordenador-geral de Reformas Microeconômicas, Fernando Ceschin Rieche, do Ministério da Fazenda. Além do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola e do CEO da Investo, Cauê Mançanares.

O seminário teve 2 painéis, com duração de 1h20 cada um. A mediação foi feita pelo jornalista Paulo Silva Pinto, editor sênior do Poder360. Foram abordados temas como o futuro da tributação de fundos de investimento, os desafios de regulação e o impacto das regras tributárias na escolha dos investidores.

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