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Indústria cresce 0,1% em agosto, informa IBGE – O Estado de S. Paulo

Segundo a Fiesp, crescimento de emprego e renda sustenta a ligeira alta; especialistas preveem desaceleração nos próximos meses

A indústria brasileira registrou ligeira alta de 0,1% na produção em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O pequeno avanço sucede uma queda de 1,4% registrada em julho ante junho, e de uma expansão de 4,4% em junho ante maio, o que demonstra que o saldo dos últimos meses permanece positivo.

“A recuperação durante o ano vem sendo influenciada pelos efeitos da forte dinâmica do mercado de trabalho, do expressivo crescimento da renda e da expansão do crédito. Diante do conjunto de informações disponíveis  até o momento, após um ritmo de crescimento do setor acima do esperado nos últimos meses, a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) revisou a projeção da produção industrial de 2,2% para 2,9% em 2024”, manifestou a entidade, em nota.

Entretanto, a Fiesp pondera que “o novo ciclo de aumento de juros tende a pesar contra a continuidade do processo de recuperação em curso para a indústria de transformação”.

Para o Itaú Unibanco, o resultado da produção em agosto já é condizente “com alguma desaceleração da atividade econômica ao longo do segundo semestre do ano”, Na visão da Tendências Consultoria Integrada, a indústria deve continuar beneficiada pelo consumo das famílias no curto prazo, “ainda que em menor ritmo do que no início de 2024”.

“Contudo, a perspectiva de juros elevados por mais tempo, inclusive considerando o novo ciclo de alta da Selic iniciado em setembro, deve limitar a indústria ao longo de 2025, sobretudo nos setores mais sensíveis ao crédito. Como riscos a se ponderar, destacam-se a desvalorização cambial, que pode pressionar custos de insumos industriais, e os fenômenos climáticos extremos, que podem adiar decisões de investimentos no setor agropecuário e, por conseguinte, na agroindústria”, avaliaram Felipe Novaes e Lais Leone, analistas da Tendências, em relatório.

Em agosto, a indústria cresceu pouco, com uma composição “não muito boa”, mas a perspectiva para o terceiro trimestre “parece positiva”, na visão do economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, Luis Otavio Leal. “Mantemos nossa expectativa de expansão de 0,6% para o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre (alta de 3,1% em 2024), mas esperamos desaceleração gradual da economia a partir do último trimestre, principalmente por conta da diminuição do impulso fiscal e da política monetária, que permanecerá contracionista – e ficará ainda mais ao longo dos próximos meses”, previu Leal, em nota.

A despeito do pequeno avanço de 0,1% na produção industrial nacional, houve retração em 18 dos 25 ramos pesquisados no período.

Setor está 1,5% acima do nível pré-pandemia

Enquanto as indústrias extrativas cresceram 1,1% em agosto ante julho, a indústria de transformação registrou queda de 0,3%, o segundo recuo consecutivo, período em que acumulou perda de 1,7%. Em julho, a indústria de transformação já tinha encolhido 1,4%, mas vinha da expansão de 4,9% em junho.

O gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, André Macedo, acrescenta que o saldo positivo dos últimos meses mantém o setor industrial em patamar 1,5% acima do nível pré-pandemia. De acordo com ele, além do aumento no número de ocupados no mercado de trabalho, o nível da inadimplência diminuiu.

Em agosto, dez das 25 atividades pesquisadas pelo IBGE operavam acima do nível pré-crise sanitária. Os mais elevados foram registrados por outros equipamentos de transporte (32,8%), máquinas e equipamentos (11,4%), derivados do petróleo (8,2%), extrativas (5,8%) e produtos químicos (2,9%). Já os segmentos mais distantes do patamar pré-pandemia são vestuários e acessórios (-24,2%), móveis (-21,9%) e produtos diversos (-19,4%).