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Ibovespa hoje abre no zero a zero sob cautela com tarifas de Trump; indicadores econômicos recheiam a agenda – Estadão

Mesmo assim, a valorização dos índices de ações do ocidente pode empurrar o Ibovespa para cima

O Ibovespa hoje abriu próximo a estabilidade, em leve alta de 0,10%, aos 127.034 pontos nesta sexta-feira (31). A abertura de negócios ocorre de olho em indicadores econômicos no Brasil e no exterior, além das novas políticas tarifárias de Donald Trump.

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A última sessão de janeiro se inicia sob temor das tarifas do governo americano após Trump confirmar tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá a partir de fevereiro.

Com as ameaças ao comércio internacional, o dólar e os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) passaram a subir no exterior, mas limitaram o desempenho do petróleo. Por outro lado, há apetite por ações, fazendo com que as bolsas na Europa e os índices futuros nos EUA operem no positivo.

A valorização dos índices de ações do ocidente pode empurrar o principal índice da B3 hoje para cima neste último pregão de janeiro, mas os ganhos da véspera – quando o índice fechou no maior nível desde dezembro – são gatilhos para uma realização. Uma eventual alta seria amparada em indicadores brasileiros (veja detalhes abaixo).

No mercado de câmbio doméstico, o dólar abriu em alta de 0,33%, negociado a R$ 5,8722, mas inverteu o sinal e passou a cair. Por volta das 10h17, o dólar mostrava recuo de 0,39%, a R$ 5,8298. Na véspera, a moeda americana cravou a nona queda seguida, acumulando perdas de 5,30% em janeiro.

Os juros futuros, por sua vez, têm leve baixa, conforme o dólar perde força ante o real e fica perto da estabilidade, e após indicadores locais.

No Brasil, além de acompanhar o panorama externo, os agentes seguem digerindo os sinais emitidos pelo Banco Central (BC) e pelo governo na questão da política monetária, pontua Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Na avaliação do economista, a maior preocupação com a atividade trazida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira (29) elevou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, abre margem para o debate de uma extensão menor do ciclo. Pelo menos isso, na quinta-feira (30), pontua, ajudou a reduzir as taxas dos contratos de depósito interfinanceiro (DI) curtas e médias.

“O ministro Haddad deu um recado sobre o tema, ao citar que o remédio não pode ser excessivo”, afirma Campos Neto em relatório, ao referir-se a afirmações feitas pelo ministro da Fazenda na quinta-feira (30) em entrevista à Rede TV!

Confira os assuntos que direcionam o Ibovespa hoje

Tarifas de Donald Trump e bolsas internacionais

O dólar e os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) sobem, ecoando a confirmação de tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá a partir de fevereiro, pelo presidente dos EUA, Donald Trump em meio a expectativas pelo PCE e Bowman.

Trump disse que definiria na quinta-feira (30) à noite novas tarifas ao petróleo importado desses dois países, e voltou a ameaçar os produtos comprados da China em breve, citando o envio de fentanil como motivo, e de 100% aos países dos Brics (sigla que representa o bloco de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), caso tentem substituir o dólar em suas relações comerciais.

Por outro lado, há apetite por ações. Os futuros de Nova York e as bolsas europeias avançam, após balanços e expectativas de novos cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE).

Em Nova York, a Apple (AAPL34) saltava mais de 3% após superar as expectativas de lucro, enquanto a Intel (ITLC34) ganhava 2% depois de um prejuízo no 4º trimestre menor do que o esperado. Já a Visa (VISA34) teve receita acima das previsões e um aumento no volume de pagamentos no primeiro trimestre fiscal.

Indicadores econômicos

A agenda econômica desta sexta-feira traz o resultado do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA em dezembro, medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e o resultado do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras) são os destaques no mercado brasileiro.

O setor público consolidado teve déficit primário de R$ 47,553 bilhões em 2024, o equivalente a 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira. O saldo foi pouco menos negativo do que a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava um déficit primário de R$ 48,80 bilhões.

Já a taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,2% no trimestre encerrado em dezembro, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado correspondeu ao teto das previsões de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 5,9% e 6,2%, com mediana de 6,0%.

Commodities

Os contratos futuros do petróleo viraram para baixo no começo da manhã em meio a incertezas sobre tarifas dos EUA ao México e ao Canadá, mas passaram a subir levemente na última hora. Os barris de WTI avançavam 0,18%, e os de Brent 0,10% por volta das 10h10 (de Brasília).

O minério de ferro segue sem negociação nos mercados de Dalian, na China, devido ao feriado do Ano Novo Lunar manter os mercados fechados na China, Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul. Já em Cingapura, a commodity subiu 0,64%.

Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,43% no pré-mercado de Nova York no horário acima. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,50%.

Mercado brasileiro

O dólar fica sujeito à volatilidade com as tarifas de Trump e a disputa técnica sobre a última Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) de janeiro. A alta dos rendimentos dos Treasuries pode impactar os juros futuros.

As taxas futuras também devem reagir aos dados da Pnad Contínua e fiscais, para os quais são esperados superávit primário de R$ 14,5 bilhões em dezembro e déficit de R$ 48,8 bilhões em 2024. A taxa de desemprego deve cair para 6% no trimestre até dezembro.

Após o presidente Lula não se comprometer com novas medidas de contenção de gastos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a revisão do Orçamento é uma atividade rotineira e Lula sabe que mudanças de rota podem ser necessárias.

Haddad também estimou uma queda no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% para 2,5% em 2025, mencionou que a Selic já desacelera a economia e afirmou que não faz sentido os EUA sobretaxarem produtos do Brasil, dado o equilíbrio na balança comercial entre as partes.

Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.

Reprodução. Confira o original clicando aqui!