Governo tem sensação de dever cumprido com pacote ‘antitarifaço’ – UOL
- Na Mídia
- 14/08/2025
- Tendências

Integrantes do Ministério da Fazenda estão aliviados. “Acho que a sensação é de dever cumprido. O pacote tem racionalidade e vai dar bons resultados. Agora é cuidar dos atos infralegais para tudo estar operacional o mais rápido possível”, relatou um dos assessores do ministério.
Amanhã, integrantes da Fazenda e do BNDES começam a debater a taxa de juros da linha de crédito, prazo e carência, que devem ser definidos pelo Conselho Monetário Nacional até meados da semana que vem.
No Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o sentimento é o mesmo. “Acho que ficou bom. Sem excessos. Capaz de produzir bons resultados”, avalia um interlocutor próximo a Geraldo Alckmin.
De forma geral, o pacote de socorro anunciado pelo governo foi bem recebido pelos setores afetados pelo tarifaço. Para José Velloso, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, o plano foi bom e está bem desenhado. “A linha de R$ 30 bilhões é boa, bastante dinheiro. Se lá na frente faltar, voltamos a conversar com o governo.
O principal é o Reintegra – que devolve parte dos tributos pagos pela empresa – e a extensão do ‘drawback’ por um ano – crédito tributário que a empresa recebe ao importar insumos usados para exportar produto final”, comenta.
Embora não tenha sido anunciado pelo governo, Velloso imagina que a taxa de juros da linha de crédito fique em torno de 8% a 10%. Mesmo assim, ele pondera que pode haver demissões no setor. “A empresa que não vir luz no fim do túnel, vai demitir. Adiar o problema só fica mais caro lá na frente. Quem sabe que vai voltar a exportar ou direcionar para outro mercado, vai usar o plano para fazer a transição”, conclui.
No setor de carnes, a recepção também foi boa. André Vasconcelos, especialista em direito societário da Fictor Alimentos, diz que há clareza e ganhos de competitividade e proteção de emprego. “A medida provisória vai ajudar a manter o fluxo de câmbio e empregos de cadeias produtivas sensíveis”, diz. Entre os pontos fracos, empresários afetados citam a falta de clareza quanto à elegibilidade, critério de acesso e duração das medidas.
Do ponto de vista fiscal, João Leme, analista de finanças públicas da Tendências Consultoria, diz que o pacote não traz muitas mudanças para o contexto geral no ano. “Você tem o aporte de R$ 4,5 bilhões em três fundos de exportação e o crédito tributário de até R$ 5 bilhões no contexto do programa Reintegra. O primeiro se trata de despesa, enquanto o segundo é renúncia de receita. Ao todo, somam R$ 9,5 bi, o que não é muito preocupante para termos de cumprimento da meta fiscal para o ano”, pondera.
André Valério, economista-sênior do Banco Inter, concorda: “acho que dentro das possibilidades eram as medidas a serem tomadas com rapidez. Em termos de tamanho me parece ok”. Entretanto, ele acha que seria possível acomodar esse impacto cortando de outros lugares. “O Tesouro recentemente retirou um contingenciamento de R$ 20 bilhões do orçamento, que havia sido feito em maio, então seria possível acomodar. A nossa preocupação é se vai ficar só nisso mesmo e se será de fato pontual, porque não existe
“Talvez o governo perceba que esse seja só um primeiro pacote e depois aumente o tamanho. À primeira vista parece pequeno para o valor de exportações que sofrerão com a tarifa maior. Cerca de R$ 90 bilhões serão afetados”, reflete Renan Martins, economista da 4Intelligence.
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