Geraldo Alckmin se reúne com representante americano para tratar de “tarifaço” de Donald Trump – Jornal da Cultura
- Na Mídia
- 12/03/2025
- Tendências

Em entrevista ao Jornal da Cultura, Silvio Campos Neto, sócio e economista da Tendências Consultoria, comenta a reunião de Geraldo Alckmin com um representante americano para discutir o “tarifaço” de Donald Trump.
O governo escalou o vice-presidente, o ministro Geraldo Alckmin, para uma reunião de negociação com o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnik. O tema foi a ameaça de aumento de tarifas sobre metais exportados pelo Brasil.
Até agora, o governo brasileiro não havia respondido às ameaças de Donald Trump sobre novas tarifas aos produtos brasileiros. Diante da iminente taxação de 25% sobre aço e alumínio, o Planalto decidiu mudar de postura, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, recebendo a missão de negociar com o representante dos Estados Unidos sobre eventuais aumentos de tarifas de importação e possíveis efeitos sobre a economia brasileira.
A reunião por videoconferência foi com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnik. Ambos concordaram sobre os aspectos positivos da relação entre o Brasil e os Estados Unidos e decidiram manter reuniões bilaterais nos próximos dias para discutir as políticas tarifárias.
Os Estados Unidos importam 40% do aço que precisam e, desse total, 10% são produzidos pelo Brasil. A expectativa é que o governo consiga manter o acordo de 2018, que garante ao Brasil a exportação anual de 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado e 687 mil toneladas de laminados, insumos essenciais para a indústria americana. Esse arranjo evitou uma sobretaxa anunciada por Trump em seu primeiro mandato.
Alckmin tem cartas na manga que interessam aos Estados Unidos. Uma delas é zerar a tarifa de 18% sobre o etanol americano feito de milho, uma reivindicação antiga de Trump. A medida poderia baratear os combustíveis, incluindo a gasolina, mas enfrentaria a resistência dos produtores de cana, base do etanol brasileiro.
“Estamos diante de um ambiente muito instável, com um governo nos Estados Unidos que gera muita volatilidade, então é fundamental também que o Brasil tome cuidado e evite medidas que possam causar mais impactos adversos”, explica Silvio Campos Neto.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, país que indiretamente cumpre o papel de fiel da balança nessa relação, já que é o maior importador de soja, milho e algodão dos dois países.
Os chineses também são alvos da guerra comercial norte-americana, e novas barreiras impostas aos asiáticos poderiam favorecer o agronegócio brasileiro. Não é à toa que os produtores norte-americanos de soja alertaram o governo Trump que o Brasil poderá ser o grande beneficiado nessa guerra comercial, a exemplo do que aconteceu em 2018.
Campos Neto diz que o Brasil se beneficiou de certa forma da Primeira Guerra Comercial, com a nossa soja nas importações chinesas aumentando substancialmente.
Mas dessa vez, há riscos de efeitos colaterais que podem prejudicar o Brasil, como, por exemplo, a subida de juros. Juros pesados significam impacto sobre custos. Custos mais altos significam redução de margens. Isso está acontecendo nos Estados Unidos e pode acontecer em outros países.
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