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Exterior é alternativa para diversificar investimentos mesmo com incertezas globais; veja caminhos – Folha de São Paulo

Mercado nacional tem instrumentos para acompanhar índices e ativos estrangeiros; especialistas dão dicas para se preparar

SÃO PAULO | Investimentos no exterior ajudam a diversificar ativos e diminuir riscos mesmo com a renda fixa brasileira em alta, instabilidades políticas globais e perspectiva de resfriamento da economia dos EUA, segundo especialistas consultados pela Folha.

O caminho pode ser feito via mercado nacional e a partir de quantias cada vez menores. BDRs (do inglês Brazilian Depositary Receipts), negociados na B3, replicam ações de grandes empresas do exterior, como Google, Apple e Microsoft. Há também os ETFs (de Exchange Traded Funds), fundos que replicam índices de mercado específicos.

“Em vez de procurar ações individualmente, o investidor compra uma cesta de ativos atrelada a um benchmark, permitindo diversificar internacionalmente com instrumentos únicos”, explica Cristiano Castro, diretor de gestão de patrimônio da BlackRock Brasil.

“BDRs de ETFs começam com preço de R$ 50, por exemplo. Com R$ 80, você já pulveriza seu portfólio em 500 ações do mercado americano. É a forma mais simples de misturar portfólio local e internacional sem precisar de conta no exterior.”

Por meio deles, é possível acessar, por exemplo, a renda fixa americana, tida como um dos investimentos mais seguros do mundo. A atratividade dos títulos do Tesouro dos EUA permanece, mesmo após o Fed cortar 0,50 ponto percentual nos juros do país, em meados deste mês, iniciando o que se espera ser um ciclo de alívio constante da política de juros, de acordo com Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital.

“Vemos a renda fixa dos EUA com bons olhos porque ainda estamos em um nível de juros que os EUA não vivenciam há décadas, especialmente para títulos de curto e médio prazo, de até dez anos, para o investidor mais conservador”, diz Suzuki.

Alessandra Ribeiro, sócia e diretora de macroeconomia da consultoria Tendências, diverge. A perspectiva de continuidade na redução de juros tanto nos EUA quanto na Europa pode fazer com que a renda variável possa ter mais a oferecer do que a renda fixa no médio prazo.

“O mercado de renda variável pode ficar mais atrativo, mas o investidor deve ter em mente que ainda vai levar um tempo para ter o reflexo”, afirma.

Agendas como as eleições americanas devem ficar no radar do investidor, segundo a especialista.

“Se Trump ganhar e conseguir implementar políticas de forte redução de juros e aumento de tarifas de importação, pode haver um impulso na atividade econômica de curto prazo e elevar a inflação, os juros e valorizar o dólar frente a outras moedas. Porém, no médio prazo, pode ser uma agenda prejudicial aos EUA, resultando em crescimento menor e juros mais altos”, diz.

“Com Kamala Harris, esperamos impactos mais moderados. Os efeitos sobre juros e dólar devem ser mais contidos.”

Para investir diretamente no exterior, contas em corretoras internacionais permitem ao investidor negociar diretamente ações, ETFs e outros ativos diretamente nos mercados estrangeiros.

Investimento internacional não é só EUA, mas não há como desconsiderar a economia americana como etapa natural mesmo frente à perspectiva de recessão, de acordo com Isabela Bessa, economista especialista em investimentos internacionais na Warren.

“Se o cliente quiser investir diretamente na Europa, em uma corretora de lá, o mercado ainda é um pouco limitado e exige mais recurso inicial. Mas, por meio do mercado americano, você tem acesso a moedas e diferentes mercados. De lá, você pode negociar na bolsa de vários países”.

Taxas de administração, comumente cobrada pelas instituições que fazem a intermediação do investimento, variam conforme o volume do patrimônio e o tipo de serviço oferecido. O investidor deve verificar se os rendimentos anunciados já descontam as tarifas.

No Brasil, algumas instituições também exigem um investimento mínimo, que pode chegar a R$ 100 mil para a carteira total.

Estruturas offshore são empresas de investimento privadas constituídas fora do país de residência do investidor, geralmente em jurisdições com tratamento fiscal diferenciado. Elas podem ser vantajosas em termos de planejamento sucessório e fiscal, mas demandam valores ainda mais elevados e assessoria especializada.

Especialistas recomendam ao menos R$ 1 milhão investido para compensar taxas de administração e impostos envolvidos.

“Investindo via Brasil, você vai acabar tendo menos preocupação com questões tributárias e societárias, o que pode ser mais favorável ao pequeno investidor”, diz Carlos Gouveia, advogado e professor de Direito Comercial na Universidade de São Paulo (USP).

O que considerar antes de investir meu patrimônio no exterior?

  • Tempo de retorno: investimentos internacionais requerem um horizonte de longo prazo e é um erro comum repatriar recursos quando o dólar cai, segundo especialistas. O ideal é manter a estratégia, fazendo aportes regulares para obter um preço médio favorável no longo prazo;
  • Valor disponível para ser investido: considere sua capacidade financeira antes de investir. Avalie se o montante disponível é adequado para uma diversificação eficiente e construção da reserva de emergência;
  • Aversão ao risco: entenda seu perfil de risco antes de escolher ativos internacionais e coloque na balança se faz sentido para a sua estratégia de investimento a proteção contra instabilidades locais.

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