Ex-ministro da Fazenda vê crise fiscal generalizada no Brasil em 2027 – Valor Investe
- Na Mídia
- 26/06/2025
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Para Maílson da Nóbrega, a saída para evitar uma crise é investir em reformas estruturais que abram espaço no orçamento
Ex-ministro da Fazenda durante o governo de José Sarney (1988 a 1990, período de hiperinflação no Brasil), Maílson da Nóbrega acredita que há uma crise fiscal contratada no país marcada para 2027. “100% do espaço fiscal estarão ocupados com gastos obrigatórios”, disse durante participação no Anbima Summit, evento que acontece nos dias 25 e 26 de junho em São Paulo.
Para ele, a saída para evitar uma crise é investir em reformas estruturais que abram espaço no orçamento. “Existe quase uma receita de bolo: nova reforma da previdência para unificar todos os regimes, desvincular aposentadoria do salário mínimo, e o mais importante que é definir o que é prioridade a cada ano. O Brasil tem essa mania de estabelecer prioridades permanentes”.
O ex-chefe da Fazenda criticou a decisão do governo Lula, em especial do ministro Fernando Haddad, de acabar com a isenção de investimentos como LCIs e LCAs para “arrecadar mais”. Na visão dele, a estabilidade do mercado de capitais e o andamento macroeconômico do país não são desassociados. Desse jeito, diz Da Nóbrega, o governo só vai aumentar os problemas contratados para daqui a dois anos.
Por outro lado, vê a atitude do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, como correta, ao se colocar publicamente contra a tributação dos investimentos, embora seja contra a manutenção da taxa básica de juros em patamar tão alto, hoje em 15% ao ano. “Nenhuma economia funciona bem com a Selic nesse nível, o que só agrava a situação”.
Olhando para frente, três pontos “autorizam” Galípolo a desagradar o presidente Lula e ajudar o quadro fiscal. De acordo com o ex-ministro, o “desastre do governo Dilma”, a posição como presidente do BC ser mais importante na carreira do que a relação com integrantes do atual governo e a certeza de que as chances de algo o tirar do cargo são quase nulas.
“Ele precisa pensar na reputação dele acima de tudo, porque se ele se curva ao governo Lula, perde tudo isso”.
Apesar do alerta, Maílson da Nóbrega se diz otimista porque já prevê que o Brasil vai conseguir fazer as reformas necessárias até lá. “Os danos serão menores porque estamos mais resilientes, temos um agronegócio forte, deixamos as crises bancárias para trás, somos credores internacionais líquidos, temos sete das dez melhores universidades da América Latina e empresas que sabem se defender”.
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