Em matéria da RedeTV News, o cientista político e sócio da Tendências Rafael Cortez fala sobre a possibilidade de surgimento de uma terceira via nas eleições do próximo ano.
Falta cerca de 1 ano para começar a campanha eleitoral para as prefeituras brasileiras e, na maior cidade do país, já existe a expectativa de polarização. Os dois principais cabos eleitorais do país já têm lado na disputa paulistana.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um acordo para o PT não lançar candidato e apoiar o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL e o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está em conversas adiantadas para dar apoio ao atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB.
A eleição municipal em São Paulo tem caráter de política nacional. A formação de alianças pode resultar em uma campanha com poucos candidatos e grandes coligações de partidos. O PSOL de Boulos quer atrair, além do PT, o PCdoB, o PV, a REDE e o PDT. O MDB de Nunes quer o apoio, além do PL, do Republicanos, União Brasil, PSDB, Cidadania, Podemos e do PP. O PSD é cobiçado por ambos. O PSB deve lançar a candidatura da deputada federal Tabata Amaral.
Um dos articuladores em torno de Boulos, o presidente do Conselho Nacional do SESI, Vagner Freitas, conta com uma participação intensa de Lula na campanha. “A disputa em São Paulo é uma disputa nacional. Ela é uma espécie de terceiro turno do que aconteceu nas eleições presidenciais, de qual Brasil nós queremos construir. Então o peso do Presidente Lula é extremamente importante aqui. Pelo que eu tenho ouvido ele falar, ele vai pessoalmente estar na campanha, não apenas apoiando, mas efetivamente construindo agendas com o candidato Guilherme Boulos”, disse Freitas.
O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, diz que a campanha de Ricardo Nunes é a mais importante para o partido no ano que vem, mas ainda não há definição sobre como Bolsonaro vai participar.
“Eu acho que todos aqueles que acreditarem que o Ricardo Nunes é um bom prefeito, é um bom gestor, que tá entregando políticas públicas na ponta, para melhorar a vida das pessoas, todos os apoios são bem vindos. Portanto, eu não vou fulanizar, dizer que A, B ou C é bem-vindo ou não é bem-vindo. Todos aqueles que acharem que o Ricardo é o melhor para São Paulo são bem-vindos no apoio.”, disse Rossi.
Uma certeza para Nunes é o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aliado fiel do ex-presidente. “Evidentemente, a relação com o governo do estado é muito mais ativa. Ela está no dia a dia de todos os dias (…) e a minha relação com o governador Tarcísio tem sido muito importante de vários aspectos. Agora, evidentemente, também é importante alguém que faça um bom diálogo com o governo federal, como eu tenho. (…) Independente de quem esteja no Governo Federal ou no governo do estado, é importante que seja alguém que coloque o interesse da cidade acima de tudo, eu acho que é fundamental.”, diz Nunes.
Quando questionado sobre a possibilidade de um terceira via competitiva nas eleições para a prefeitura da cidade de São Paulo, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências, acredita que o caminho para fortalecer essa terceira via seria lembrar o eleitor dos dilemas das candidaturas tão polarizadas e radicalizadas, além de fazer acenos que, de alguma maneira, contemplariam algumas agendas ligadas à esquerda, quase sempre voltadas para questões sociais. Por outro lado, essa terceira via também precisaria fazer acenos para pautas ligadas à direita, voltadas para a meritocracia e ambiente de negócios.
Porém, Cortez diz que é complicado ter uma terceira via competitiva nas eleições para a prefeitura de São Paulo, porque há uma grande aposta de capital político nos dois principais candidatos ao cargo.
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