Economia fecha 2024 com expansão de 3,4%, mas perde ritmo no fim do ano – O Estado de S. Paulo
- Na Mídia
- 10/03/2025
- Tendências

Foi o quarto ano de alta seguida do PIB, com os serviços e o consumo das famílias à frente; previsão para 2025 é de desaceleração
A economia brasileira deu sinais de desaceleração no quarto trimestre, mas alcançou um bom crescimento no ano passado, com expansão de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 3,2% de 2023, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou dentro do esperado pelos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, cujas projeções variavam de alta de 3,3% a 3,6%, mas veio um pouco abaixo da mediana das previsões, que era de avanço de 3,5%.
“Se pegarmos o período pós-pandemia, fechamos (2024) com quatro anos consecutivos
de crescimento expressivo em relação ao nosso histórico. É um crescimento importante”, diz Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria.
Após a divulgação dos números de 2024, houve uma ligeira alta nas projeções do mercado para o PIB neste ano – a estimativa intermediária do Projeções Broadcast subiu de 1,9% para 2% – abaixo dos 2,3% estimados pelo Ministério da Fazenda.
Os dados do IBGE mostraram que a economia brasileira perdeu fôlego no quarto trimestre, avançando 0,2% em relação aos três meses anteriores, período em que o PIB crescera 0,7%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o crescimento de 3,4% do PIB em 2024, embora tenha sido pior do que os 3,8% que ele próprio previa. “PIB crescendo é mais emprego e renda na mão dos brasileiros e das brasileiras. 2025 é o ano da colheita”, afirmou o petista.
A avaliação dos analistas, porém, é de que a economia andará bem neste início de ano, perdendo fôlego no segundo semestre, com risco inclusive de uma recessão técnica – quando o PIB recua por dois trimestres seguidos. Segundo eles, a atividade econômica deve ser afetada pela alta da taxa básica de juros (Selic) e pelo menor impulso fiscal.
Além disso, no cenário externo a economia global deve crescer menos que em 2024, em meio às incertezas com o impacto das tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com relação ao ritmo de crescimento chinês.
Estímulos fiscais
Uma parte do resultado mais forte de 2024 pode ser explicado pelos estímulos fiscais. Desde o início, o atual governo conseguiu espaço para ampliar os gastos com a aprovação da PEC da Transição. Na virada de 2023 para 2024, autorizou o pagamento de precatórios, encerrando o calote dado pelo governo Bolsonaro. E houve ainda o impacto do reajuste real do salário mínimo.
“Foi um ano de crescimento cíclico forte e claramente acima do potencial brasileiro”, observa Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. “A indústria cresceu forte, os serviços cresceram forte.”
Segundo os dados do IBGE, a indústria avançou 3,3%, enquanto o setor de serviços cresceu 3,7% no ano passado. Já a agropecuária, motor do crescimento em 2023, encolheu 3,2%. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias teve alta de 4,8%, enquanto que investimentos (formação bruta de capital fixo) avançaram 7,3%. As importações avançaram 14,7%, bem mais que as exportações, com alta de 2,9%.