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Disputa eleitoral e as novas pesquisas – Jornal da Gazeta

Em entrevista ao programa Jornal da Gazeta, o sócio e responsável pela análise de risco político da Tendências, Rafael Cortez, comenta sobre a disputa eleitoral e as novas pesquisas.

Saiu a primeira pesquisa eleitoral Datafolha após o início da campanha dos candidatos na  rádio e TV. Houve um empate técnico novamente. Dessa vez, Boulos tem 23%, o mesmo percentual de duas semanas atrás. Ricardo Nunes foi de 19% para 22%, Pablo Marçal de 21% para 22%, e Tabata Amaral de 8% para 9%, passando à frente de Datena pela primeira vez. Datena, que antes estava com 10%, caiu para 7%.

Cortez diz que tudo está dentro do esperado, no sentido do nível de fragmentação que uma campanha de dois turnos demanda. Existem claramente três forças na frente das demais, que vão competir por essas duas vagas no segundo turno.

Ele ainda diz que é interessante observar as pesquisas, porque, com aquela primeira onda de crescimento de Pablo Marçal, houve uma bagunça no que se esperava em termos de quem estaria bem na disputa. Hoje, não há ninguém que possa dizer que está seguro no segundo turno.

Imaginava-se que Boulos estaria um pouco mais seguro, já que a esquerda se uniu mais, enquanto a direita está com um eleitorado mais fragmentado em termos de candidaturas. Então, Ricardo Nunes seria o nome que mais balançaria, caso alguém conseguisse crescer. 

“O que o Datafolha mostrou, corroborando outras pesquisas, é que tudo está em aberto do ponto de vista das duas vagas para o segundo turno.”, sinaliza Cortez.

Ele explica que, do ponto de vista de Pablo Marçal, o principal desafio da sua campanha será evitar desidratação ou falta de crescimento. Isso vai depender da lógica do segundo turno. À medida que avançamos na campanha, esses primeiros números vão se tornando fatos políticos, e muitos começam a ver Pablo Marçal como um rival mais fraco contra Boulos, do ponto de vista da direita.

Isso é crucial para aqueles que construíram o projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes, incluindo o ex-presidente Bolsonaro. Esse é o grande dilema, e talvez seja onde Ricardo Nunes mantenha alguma força, evitando o cenário onde ele ficaria abandonado, até mesmo por Bolsonaro.

Isso mostra que existe um “bolsonarismo sem Bolsonaro”. Essa é uma lição importante que aprendemos. Não é só a ligação pessoal com Bolsonaro que mobiliza parte do eleitorado, mas também um fenômeno socioeconômico e político que alimenta projetos com um discurso muito pesado em relação à política tradicional. Embora Pablo Marçal seja diferente de Bolsonaro, Cortes acredita que a natureza do discurso político seja bastante semelhante. 

Tabata vem subindo nas últimas pesquisas, ultrapassou Datena, mas ambos sofrem a questão também do voto útil. Cortez explica que agora, quem não está tão forte nas primeiras pesquisas começa a ter o desafio de mostrar para o eleitorado que ele ainda pode chegar lá, porque o eleitor, ainda que não tenha isso claro na cabeça, não gosta de desperdiçar voto. Concentram-se forças em poucas candidaturas, justamente porque o eleitor quer dar um voto para quem tem chance.

No caso da Tabata, Cortez acredita que ela se beneficiou de ser a primeira a sair por uma polarização mais clara em relação ao Pablo Marçal e agora ela precisa dar fôlego para mostrar algo mais e chegar um pouco mais perto desse primeiro bloco, evitando que ela desidrate e, quem sabe, dando tempo para sua campanha ganhar um pouco mais de força.

Cortez diz que Tabata precisa desse imaginário, porque parece que não dá mais só para ser via polarização contra o Pablo Marçal e que vai precisar de outros choques no eleitor para começarem a prestar atenção um pouco com mais cuidado nela.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!