Desajuste fiscal: Congresso aprova medidas com custo de R$ 106 bi – GloboNews
- Na Mídia
- 30/06/2025
- Tendências

O programa Em Ponto da GloboNews cita estudo exclusivo da Tendências Consultoria sobre custo de medidas aprovadas recentemente pelo Congresso, resultando em desajuste fiscal.
Em um estudo realizado pela Tendências Consultoria, foi mostrado quanto custa tudo o que o Congresso andou aprovando ou deixando de aprovar e mantendo contas caras em aberto. São R$ 106 bilhões. Estamos falando em uma arrecadação do IOF de R$ 10 bilhões, que é 10% desse custo que já tá contratado.
Um ponto muito importante também dessa questão econômica que está no centro do debate nesse momento: “Lula levará às ruas discurso com guinada à esquerda”. Porque o governo vai apostar em qual discurso de que está tentando aumentar o imposto sobre os ricos para conseguir diminuir sobre os pobres.
Ao mesmo tempo, a oposição vai explorar o aumento de imposto como uma coisa generalizada, ou seja, vai explorar que é um governo que só adotou esse caminho do aumento de impostos e que pesa cada vez mais o Estado sobre as costas da população brasileira.
A economia está no centro desse debate. Se, no início do mandato, parecia que a estratégia seria o governo focar na economia e, a oposição, na pauta e na agenda de costumes, o que a gente observa agora é diferente: a economia assumiu o protagonismo. E, já se preparando para o discurso e o embate eleitoral, vemos um governo adotando esse tipo de retórica, enquanto a oposição explora o mesmo tema sob uma ótica completamente oposta. Será muito interessante observar esse embate econômico também no período pré-eleitoral.
É uma reedição do slogan dos primeiros governos Lula, quando o mote era “nós contra eles”. Na época, tratava-se de um recorte político: nós, a esquerda, comprometidos com o progressismo e tudo mais, contra uma direita tida como cruel. Esse “nós contra eles” rendeu quatro vitórias eleitorais, mas naufragou na quinta, quando “eles” conseguiram vencer a candidatura petista.
Agora, trata-se de uma reciclagem vertical: pobres versus ricos. O governo se posiciona como defensor dos pobres, enquanto os ricos seriam aqueles que querem apenas se aproveitar do Estado. Há verdades nisso, mas também muitas falsidades. Resta saber se esse discurso, neste momento da política brasileira e da sensibilidade dos brasileiros, realmente encontra aderência ou se é algo que precisa ser forçado nas redes sociais.
Quem acompanhou as redes percebeu claramente a atuação de milícias digitais. Tanto da esquerda quanto da direita, há grupos tentando forçar a adesão a esse tipo de mote eleitoral. Vamos ver quem vence essa batalha. Não é um terreno seguro: quando se cria uma divisão, aprofunda-se ainda mais um racha que já existe na sociedade.
Esse debate econômico ganhou tanto protagonismo que outros temas foram esvaziados no Congresso e nas ruas. Um exemplo disso foi o ato por anistia de Bolsonaro, que teve pouca adesão. Bolsonaro mira 2026, tentando manter a mobilização em torno dessa pauta, que esfriou — e muito — no Congresso diante da centralidade que a economia passou a ocupar.
Fica cada vez mais evidente o objetivo do ex-presidente de mobilizar nomes com força para conquistar cadeiras importantes no Senado Federal. Pensando na eleição do ano que vem, além da questão econômica, vale observar o embate entre governo e oposição pelo Senado, mais do que pelos governos estaduais. Nessas disputas, o centrão — como nas eleições municipais — terá um papel de grande protagonismo. No Senado, talvez tenhamos um embate ainda mais intenso, do ponto de vista da formação de maioria, o que é especialmente grave considerando as prerrogativas do Senado em relação ao Supremo Tribunal Federal.
O ato de Bolsonaro, de fato, foi esvaziado. Havia pouco mais de 12 mil pessoas em frente ao MASP, na Avenida Paulista, em São Paulo — um número pequeno diante da capacidade de mobilização que ele já demonstrou. Ainda assim, ele insistiu nesse discurso, que é uma forma alternativa de conservar algum tipo de poder. Ele dizia: “Se nós conseguirmos fazer metade da Câmara e metade do Senado, eu consigo ter poder.” Essa era a mensagem: “O Congresso vai mandar no governo. O presidente não vai mandar nada. Quem vai mandar aqui sou eu.”
É uma mensagem muito perigosa. Afinal, os representantes do povo são eleitos com diferentes propostas e reivindicações. O parlamento existe para ouvir todo mundo, não para ser um monolito a serviço de uma única tendência. Isso representa mais um desvirtuamento grave e sério da política brasileira.
Esse tipo de discurso é preocupante — tanto de um lado quanto do outro. Nenhum deles é satisfatório no sentido de que teremos, de fato, um horizonte político pacificado e verdadeiramente voltado ao interesse público.
Confira o vídeo completo abaixo!