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Crise no Oriente Médio pode afetar oferta de derivados de petróleo, afirma Gustavo Loyola – Capital Aberto

Executivo da Tendências Consultoria faz alerta sobre riscos geopolíticos e oportunidades para o Brasil durante evento do IBGC

Em meio a um ambiente global incerto, diante de conflitos externos, mudança no contexto econômico e nos rumos da política monetária mundial, a importância de estar atento a riscos e diversificar o portfólio se torna latente. Questões como o fim da hiper globalização, em que havia uma concentração da produção em países como China e Índia, o fim de uma era de juros e inflação extremamente baixos na Europa e nos Estados Unidos, riscos geopolíticos e as questões de economia e crescimento chinês são fatores a serem monitorados. “Nós temos uma série de vetores de risco hoje no cenário global”, comenta Gustavo Loyola, diretor presidente da Tendências Consultoria, durante painel no 25º Congresso do IBGC nesta quarta-feira (09), citando a retração do processo de hiper globalização acelerada. “Temos que considerar que esses são ciclos históricos. Temos, na história, ciclos de maior globalização, ciclos de retração desse processo.”

Para o executivo, esses fatores de risco trazem de volta a ideia de ser prudente e diversificar suprimentos, fontes de matérias-primas e mercados. “São conceitos que, na realidade, não têm novidades nenhuma, mas que se tornam muito mais emergentes nesse momento em função de alguns fatores”, disse.

Loyola também cita questões como a rivalidade crescente entre EUA e China e suas implicações no comércio, e a revolução tecnológica que, apesar de ser um desafio, do ponto de vista das empresas brasileiras, também pode representar uma oportunidade. “O Brasil pode usar as oportunidades que essas rupturas dessa polarização trazem para ingressar em certos mercados que estavam fechados para nós”, disse. “Seja do ponto de vista de produzir no Brasil, seja de exportar, as empresas instaladas no Brasil, seja de capital nacional ou estrangeiro, podem repensar a ideia de ter o Brasil como uma plataforma global mesmo.”

Conflitos externos

Durante o painel, Loyola também abordou os riscos e impactos dos conflitos externos como Rússia e Ucrânia e, mais recentemente, Irã e Israel. “Temos duas guerras quentes, de média intensidade, que, realmente, estão afetando não apenas as regiões atingidas diretamente pelo conflito, mas o mundo inteiro.”

Os conflitos, cujos prazos de resolução são incertos, especialmente no Oriente Médio, ainda não se sabe como, podem afetar a oferta global de derivados de petróleo, “não apenas combustíveis, mas também produtos petroquímicos em geral, e se isso pode, essa guerra, de repente, se tornar um conflito mais avançado”, disse Loyola, comentando que a grande questão no Oriente Médio é se vai haver uma guerra aberta ou não entre Irã e Israel. “Há interesses por trás da guerra. Não acho que há desejo de nenhum dos lados de ter uma guerra aberta, mas sabemos também, pela história, que, muitas vezes, isso sai do controle.”

Para o executivo, a diplomacia brasileira não está agindo da maneira que deveria diante dos conflitos, o que pode afetar as empresas brasileiras. “Esse é um momento muito exigente da nossa diplomacia. A diplomacia brasileira tem que ser mais inteligente do que sempre foi e, infelizmente, a meu ver, não está sendo. Nós estamos tomando partidos em conflitos que não são nossos, e isso pode afetar as empresas brasileiras”, opinou.

Do ponto de vista das empresas, Loyola alerta que, evidentemente, é preciso colocar nos cenários a possibilidade de interrupções de fornecimento em decorrência da guerra e eventuais perdas em razão dos conflitos. 

O diretor da Tendências citou ainda a eleição norte-americana e a imprevisibilidade de Trump, bem como a crescente dívida do país, que tem tomado dimensões cada vez maiores. “Não é que eu vislumbre, imediatamente, o risco de uma crise por causa disso, mas é que há uma tendência geral do agravamento dessa questão nos Estados Unidos.”

Já em relação ao Brasil, apesar da volatilidade, o executivo afirma que o país vem colhendo benefícios de anos de reforma. “Acredito que a economia brasileira tenha, nos últimos anos, acelerado o crescimento da produtividade. E isso explica por que nós economistas sempre erramos a previsão do PIB para baixo, achamos que vai ser menos do que na realidade ele é”, afirmou Loyola, citando as reformas feitas pelo governo e ponderando a questão fiscal do país como fator a ser desenvolvido.

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