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Corte de gastos: Câmara aprova projeto de ajuste fiscal que limita benefícios em caso de déficit – SBT News

Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, comenta sobre o corte de gastos para o SBT News.

Ela diz que o mercado está de olho nos grandes esforços do Congresso para tentar acelerar as medidas, mas pontua que acontece é que os mercados querem ver o resultado, ou seja, se o governo está com força para passar o pacote ou não. Cada sinalzinho nessa linha e o mercado vai interpretando: a força do governo, quanto vai conseguir, no final das contas, passar de esforço fiscal, porque é algo que vai afetar as contas do governo, a dívida… E é isso que o mercado precifica e o que move, durante o dia, os ativos financeiros.

Alessandra diz que vimos um mercado muito nervoso, olhando a bolsa, o câmbio e os juros futuros para cima por causa desse sinal e, com essas evidências de que o governo não teria votos suficientes para aprovar a PEC e o projeto de lei complementar, além do sinal de adiamento, o mercado já colocou isso no preço, como um risco à vista.

Quando questionada se as fake news têm o poder de causar essa alta histórica no dólar, como algumas pessoas especulam, Alessandra diz que não é o caso e que, na verdade, existe um consenso entre os economistas que a desvalorização do real ocorre por uma junção de elementos externos e domésticos.

Ela cita o cenário externo pós eleição do Trump nos Estados Unidos e a implementação da política econômica que ele tem defendido como um dos principais elementos externos, que já puxam o dólar para cima, uma vez que a moeda norte-americana está se valorizando diante de outras principais moedas do mundo.

Como fator doméstico, Alessandra menciona o aumento da percepção de risco em relação ao fiscal porque é isso que tem causado bastante receio no mercado, principalmente por uma desidratação e que isso não seria suficiente para fechar as contas.

Com essa piora de percepção, Alessandra diz que o déficit nominal e o aumento do endividamento ficam ainda mais importantes, porque, quando tem essa piora no mercado, com juros muito altos, por exemplo, isso aumenta o custo de financiamento dessa dívida. Aumentando o custo de financiamento, o que que acontece? É preciso se endividar mais para pagar, o que faz com que o governo caia em uma espiral negativa.

O mercado olha para isso e acaba tendendo para um cenário muito pior, começando a colocar isso nos preços do dólar, da bolsa e dos juros futuros. 

Alessandra pontua que as fake news, pontualmente, podem assim potencializar um pouco, mas o mercado hoje é muito bem amparado e existem todos os cuidados para ler a notícia e ver o que é fake news e o que não é para ter alguma reação. 

Ela diz que o que vai tirar o país dessa espiral negativa é realmente endereçar esse pacote de corte fiscal com a mínima desidratação possível, porque aí o mercado consegue ver o que vai conseguir economizar, com quanto essa conta negativa do governo vai fechar e aí consegue fazer os cálculos.

Alessandra aponta como grande motivo pra gente mudar esse ambiente é a questão do endereçamento do pacote fiscal. Ela acredita que é a única coisa que resta, uma vez que vemos  o Banco Central e o Tesouro já atuando e faz sentido eles agirem assim, porque precisam, nesses momentos de stress com a porta de saída para investidores.

Ela ainda diz que precisamos pensar no investidor estrangeiro, mas não podemos esquecer  do investidor doméstico também, porque, olhando esse cenário, ele também tiraria dinheiro do Brasil. 

Alessandra diz que é importante entender também que as instituições e investidores têm alguns parâmetros de preço para decidir a saída, com algoritmos programados para ajudar nas ordens de vendas de ativos brasileiros.

E Alessandra acredita que foi por conta do aumento do câmbio que o Brasil entrou um pouco nessa espiral negativa, porque esses algoritmos estão funcionando.

Ela finaliza dizendo que estamos num ponto muito sensível por causa de tudo o que está acontecendo e o senso de urgência que isso tem que gerar é muito alto, porque podemos entrar num cenário bem pessimista para a economia brasileira por causa desse guarda-chuva macro.

Confira a entrevista completa clicando aqui!