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Busca por novos mercados deve ser aprofundada – O Estado de S. Paulo

Para reduzir vulnerabilidades em ambiente externo tão adverso, País também precisa garantir a estabilidade econômica, avançando em reformas sensíveis como a fiscal

Por Alessandra Ribeiro*

A oficialização da tarifa de 50% pelo governo americano sobre as importações brasileiras, acompanhada de lista de 694 itens que não sofrerão o adicional de 40% aponta impacto econômico mais limitado em relação ao que se esperava com a carta de 9 de julho, ainda que com alguns impactos setoriais importantes para segmentos que enfrentarão a tarifa de 50%.

Pelos nossos cálculos iniciais, cerca de 45% das exportações brasileiras aos Estados Unidos, considerando os dados de 2024, estão presentes na lista de isenção da tarifa adicional de 40%, ou seja, os produtos serão taxados à tarifa inicial de 10% anunciada em abril, sendo que o restante estaria sujeito à tarifa somada de 50%.

A nota que acompanhou a medida evidencia que a decisão do governo americano com a oficialização da tarifa é fortemente balizada por motivação política.

No entanto, a lista de isenção da tarifa de 40% aponta alguma sensibilidade econômica, dados os potenciais efeitos adversos para a economia americana, seja diretamente para os consumidores como para empresas do país, mais dependentes de importações brasileiras.

Diante dessa constatação e do prazo adicional de sete dias para sua efetivação, avaliamos que há espaço para negociação e alívio adicionais.

Assim, a não-retaliação e as tentativas de aproximação e negociação para busca de novas concessões em relação a essa lista inicial ainda se mostram como as estratégias mais promissoras na minimização de danos.

Adicionalmente, a busca por diversificação de mercados para os produtos brasileiros deve ser aprofundada.

O Brasil já deu um passo importante na direção de acordos comerciais com potencial relevante para a economia brasileira, como a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia.

Dada a necessidade de evolução da aprovação do acordo nos parlamentos locais europeus é de fundamental importância o trabalho do governo brasileiro para a facilitação dessas aprovações.

A materialização de um acordo dessa monta abre espaço para o desenho de acordos comerciais com outras regiões, principalmente tendo-se em vista pautas estratégicas para o país como transição energética, incluindo minerais críticos, segurança alimentar e infraestrutura.

Adicionalmente, acordos comerciais abrem espaço para a efetivação de acordos tributários, considerando que o país ainda precisa avançar em acordos de bitributação com países relevantes. Essa agenda tem potencial relevante em termos de impacto em investimento, produtividade e PIB potencial.

Por fim, na linha de reduzir vulnerabilidades em ambiente externo tão adverso, o País precisa garantir a estabilidade econômica, avançando em reformas sensíveis como a fiscal. Caso contrário, os efeitos adversos desse ambiente externo devem ser magnificados.

*Alessandra Ribeiro é diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria

Reprodução. Confira o original clicando aqui!